Denúncia de Facebook

Minha coluna no El País:

Deltan Dallagnol coloca a Lava Jato em risco quando escolhe arregimentar seguidores em vez de informar cidadãos

Deltan Dellagnol (Foto: Geraldo Bubniak - EFE - Reprodução de EL PAÍS)

Deltan Dellagnol (Foto: Geraldo Bubniak – EFE – Reprodução do EL PAÍS)

O que estou sugerindo como hipótese é que a convocação – ou invocação – é a mesma tanto na ação – a denúncia verbal dos procuradores diante das câmeras de TV – quanto na reação a ela nas redes. Não se pede pensamento, mas adesão pela fé. A verdade torna-se uma questão de crença – e a realidade se afirma pela quantidade de crentes que a ela aderem. A experiência cognitiva é substituída pelo botão de “curtir”. Em vez da reflexão, o espasmo.

Leia o texto completo AQUI

Refugiados de Belo Monte: conteúdo complementar do curso

Para quem assistiu à primeira aula do curso “Psicanálise em Situação de Vulnerabilidade Social: o Caso Belo Monte”, dada por Eliane Brum, este é o conteúdo complementar:

07/07/2015
Belo Monte, empreiteiras e espelhinhos
Como a mistura explosiva entre o público e o privado, entre o Estado brasileiro e as grandes construtoras, ergueu um monumento à violência, à beira do Xingu, na Amazônia

22/09/2015
Vítimas de uma guerra amazônica
Expulsos por Belo Monte, Raimunda e João tornam-se refugiados em seu próprio país

09/05/2016
Dilma compôs seu réquiem em Belo Monte
O julgamento mais rigoroso da presidente e do PT, no tempo da História, será feito por brasileiros como João da Silva

João e Raimunda (Foto: Lilo Clareto/Arquivo Pessoal)

João e Raimunda (Fotos: Lilo Clareto)

01/12/2014
Belo Monte: a anatomia de um etnocídio
A procuradora da República Thais Santi conta como a terceira maior hidrelétrica do mundo vai se tornando fato consumado numa operação de suspensão da ordem jurídica, misturando o público e o privado e causando uma catástrofe indígena e ambiental de proporções amazônicas

 A procuradora Thais Santi, em sua sala no Ministério Público Federal de Altamira, no Pará - Fotos: Lilo Clareto/Divulgação

Thais Santi

14/09/2015
O dia em que a casa foi expulsa de casa
A maior liderança popular do Xingu foi arrancada do seu lugar pela hidrelétrica de Belo Monte, a obra mais brutal –e ainda impune– da redemocratização do Brasil

Antonia Melo

Antonia Melo

16/02/2015
O pescador sem rio e sem letras
À beira de Belo Monte, uma história pequena numa obra gigante. Que tamanho tem uma vida humana?

18/07/2016
Casa é onde não tem fome
A história da família de ribeirinhos que, depois de expulsa por Belo Monte, nunca consegue chegar

Otávio das Chagas (Foto: Lilo Clareto/Acervo Pessoal)

Otávio das Chagas

04/06/2012
Dom Erwin Kräutler: “Lula e Dilma passarão para a História como predadores da Amazônia”
O lendário bispo do Xingu, ameaçado de morte e sob escolta policial há seis anos, afirma que o PT traiu os povos da Amazônia e a causa ambiental. Afirma também que Belo Monte causará a destruição do Xingu e o genocídio das etnias indígenas que habitam a região há séculos. Há 47 anos no epicentro da guerra cada vez menos silenciosa e invisível travada na Amazônia, Dom Erwin Kräutler encarna um capítulo da história do Brasil

Dom Erwin (Foto: Lilo Clareto)

Dom Erwin

31/10/2011
Belo Monte, nosso dinheiro e o bigode do Sarney
Um dos mais respeitados especialistas na área energética do país, o professor da USP Célio Bermann, fala sobre a “caixa preta” do setor, controlado por José Sarney, e o jogo pesado e lucrativo que domina a maior obra do PAC. Conta também sua experiência como assessor de Dilma Rousseff no Ministério de Minas e Energia

05/09/2011
Um procurador contra Belo Monte
Conheça o homem que se tornou o flagelo do governo ao lutar contra a maior e mais polêmica obra do PAC

 

Contamos com o seu apoio. Não deixe para amanhã!
REFUGIADOS DE BELO MONTE
https://www.catarse.me/pt/refugiadosdebelomonte

 

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Curso “Psicanálise em Situação de Vulnerabilidade Social: o Caso Belo Monte”

INFORMAÇÕES:   clinicadecuidado@gmail.com

PROGRAMA:

22/09: “Belo Monte: a anatomia da obra e a produção de refugiados de seu própriopaís”
Eliane Brum

29/09: “Altamira é o centro do mundo”
Marcelo Salazar (Instituto Socioambiental)

06/10: “Sofrimento e cuidado em situação de extrema vulnerabilidade: experiências sem fronteiras”
Debora Noal e Ana Cecilia Weinturb (Médicos Sem Fronteiras)

13/10: “Clínica de Cuidado: um modelo de atenção em construção”
Christian Dunker e Ilana Katz (IP-USP)

20/10: “Psicanálise em situações de exclusão e vulnerabilidade social”
Miriam Debieux (IP-USP)

27/10: “Viver e Sobreviver no Xingu”
Antonia Melo (Movimento Xingu Vivo para Sempre)

03/11: “Psicanálise e Saúde Pública + Experiência em Altamira”
Maria Livia Tourinho (IP-USP)
André Nader e Cássia Gimenes Pereira (Clínica de Cuidado)

Refugiados de Belo Monte: curso começa na próxima quinta-feira (22/9) na USP

belo monteAmigos,

Na próxima quinta-feira (22/9) começa o curso “Psicanálise em Situação de Vulnerabilidade Social: o Caso Belo Monte”.

O curso faz parte do projeto de crowdfunding, sobre o qual já escrevi a vocês. Para quem atuar na área da saúde mental e quiser participar da intervenção em janeiro, junto aos atingidos por Belo Monte, o curso é obrigatório. Faz parte da seleção.

Mas o curso é aberto a todos, de qualquer área de atuação, que se interessam por Belo Monte. É aberto e é gratuito. Para inscrição e para qualquer outra informação, o email é este aqui: clinicadecuidado@gmail.com

Eu dou a primeira aula, na próxima quinta-feira: “Belo Monte: a anatomia da obra e a produção de refugiados de seu próprio país”. Nesta aula, faço a contextualização da hidrelétrica e de seus desdobramentos. E conto sobre alguns atingidos que acompanho como repórter, no meu trabalho na região. A ideia é dar o contexto necessário para situar os conteúdos que virão.

Nas próximas aulas, haverá psicanalistas que atuam no campo da vulnerabilidade social e da saúde pública, psicólogas da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) com experiência em catástrofes humanitárias e pessoas que trabalham e vivem na região e que acompanharam (e acompanham) o processo de Belo Monte em profundidade: Antonia Melo, a maior liderança do Xingu, também atingida pela hidrelétrica, e Marcelo Salazar, do Instituto Socioambiental.

Aqui, o programa do curso: https://goo.gl/af5qTB

O curso é parte do projeto de financiamento no Catarse, mas já vamos começar as aulas na próxima quinta-feira, mesmo sem ter certeza de atingir a meta, devido à gravidade da situação dos atingidos por Belo Monte.

Infelizmente, o apoio ainda é pequeno. Num país deste tamanho, até agora pouco mais de 400 pessoas colaboraram com o projeto. Precisamos de mais apoio e de mais mobilização para alcançar o valor necessário para fazer a primeira fase da Clínica de Cuidado. Este é um financiamento de “tudo ou nada”. Se não atingirmos a meta, o dinheiro já doado volta aos doadores.

Assim, agradeço muito a todos que já colaboraram. E peço aos que ainda não colaboraram que, se acham que este projeto faz sentido, colaborem. Não deixem para amanhã. Precisamos saber com o quê e com quem podemos contar para planejarmos os próximos passos. Se puderem ajudar na divulgação do curso e do crowdfunding, também seria muito importante.

https://www.catarse.me/refugiadosdebelomonte

Estamos trabalhando há quase um ano neste projeto. Ele não é para nós, é para todos. Se ainda existe floresta em pé, é por causa destas populações que hoje estão lá, adoecidas de dor.

Sei que vivemos todos um momento muito brutal do país. Também por isso a solidariedade é tão importante, é quase um ato de resistência neste mundo de tantos muros.

Obrigada, mais uma vez.

Eliane

 

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Psicanálise em Situação de Vulnerabilidade Social: O Caso Belo Monte
Docentes Responsáveis:
Ilana Katz Zagury
Christian Ingo Lenz Dunker

Horário / Local:
Quintas-feiras das 16:00 às 18:00 (de 22 de setembro a 03 de novembro de 2016)
Auditório Carolina Bori – Bloco G – Instituto de Psicologia – USP

Objetivos:
Construir um modelo de intervenção clínica, baseado na escuta e testemunho de sujeitos em situação de vulnerabilidade social. Investigar o conceito de vulnerabilidade social e sua possível aplicação à psicanálise. Examinar as condições de exequibilidade da escuta do sofrimento em sua relação com práticas de testemunho e narração da experiência. Formular operadores clínicos e éticos necessários para uma prática de cuidado especificamente orientada para um caso modelo: a população ribeirinha atingida pela construção da UHE Belo Monte no Rio Xingu, na região de Altamira, no estado do Pará.

Programa:

22/09: “Belo Monte: a anatomia da obra e a produção de refugiados de seu próprio país”
Eliane Brum

29/09: “Altamira é o centro do mundo”
Marcelo Salazar (Instituto Socioambiental)

06/10: “Sofrimento e cuidado em situação de extrema vulnerabilidade: experiências sem fronteiras”
Debora Noal e Ana Cecilia Weinturb (Médicos Sem Fronteiras)

13/10: “Clínica de Cuidado: um modelo de atenção em construção”
Christian Dunker e Ilana Katz (IP-USP)

20/10: “Psicanálise em situações de exclusão e vulnerabilidade social”
Miriam Debieux (IP-USP)

27/10: “Viver e Sobreviver no Xingu”
Antonia Melo (Movimento Xingu Vivo para Sempre)

03/11: “Psicanálise e Saúde Pública + Experiência em Altamira”
Maria Livia Tourinho (IP-USP)
André Nader e Cássia Gimenes Pereira (Clínica de Cuidado)

INFORMAÇÕES: clinicadecuidado@gmail.com

 

Contamos com o seu apoio. Não deixe para amanhã!
REFUGIADOS DE BELO MONTE
https://www.catarse.me/pt/refugiadosdebelomonte

Black Blocs, os corpos e as coisas

Minha coluna no El País:

Jovens mascarados em protesto contra o Governo Temer (Foto: Sebastião Moreira/EFE - El País)

Jovens mascarados em protesto contra o Governo Temer (Foto: Sebastião Moreira/EFE – El País)

Como os mascarados desmascaram o Brasil do “mais um direito a menos”

 

Os black blocs, que apanham tanto de tantos lados, podem ser uma chave para compreender esse momento tão complexo do Brasil. Não apenas pelo que são, muito pelos discursos sobre o que são. Ao quebrarem patrimônio material como forma de protesto e serem transformados numa espécie de inimigos públicos, aponta-se onde está o valor e também a disputa. Enquanto a destruição dos corpos de manifestantes pela Polícia Militar é naturalizada, a dos bens é criminalizada. Reafirma-se, mais um vez, que os corpos podem ser arruinados, já que o importante é manter o patrimônio, em especial o dos bancos e grandes empresas, intacto. É também os corpos que sofrerão o impacto do projeto do governo que não foi eleito. Estes, que poderão ser ainda mais exauridos pelas mudanças nas regras do trabalho e também nas da aposentadoria. São os corpos os atingidos pelas reformas anunciadas como uma necessidade para não “quebrar o país”. Ao subverter o objeto direto do verbo “quebrar”, quebrando o que não pode ser quebrado, os mascarados desmascaram o projeto que pode ser chamado de “mais um direito a menos”.

Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil/Fotos Públicas (28/08/2013)

Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil/Fotos Públicas (28/08/2013)

Quem quebra, como quebra e por que quebra é mais complexo do que se tenta fazer parecer. Os habituais quebrados acostumaram-se a ouvir, em diferentes períodos históricos, que é preciso quebrá-los mais para o país não quebrar. Nunca se fala, por exemplo, em políticas para quebrar um pouco a renda dos mais ricos e redistribuí-la de maneira que os quebrados de sempre se tornem um pouco menos quebrados. Não. A única saída é quebrar mais quem já é quebrado. Assim, um projeto que pertence ao campo da política se transforma num dogma propagado por gurus da economia no altar em que os sacrificados são sempre os mesmos. Neste caso específico, a escolha de um projeto não eleito e, portanto, sem legitimidade democrática para interferir tão profundamente na vida cotidiana dos brasileiros – sem legitimidade para impactar tão profundamente os corpos.

 

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Fotos Públicas (30/03/2016)

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Fotos Públicas (30/03/2016)

Quando os black blocs voltam ao palco de disputa, discordando ou não de sua tática, é preciso olhar para quais são as vidraças que quebram. E desconfiar de por que o rompimento destas vidraças têm causado tanto barulho e mobilizado tanta fumaça.

 

 

Leia o texto completo na minha coluna no El País

 

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