Dizem que as eleições de 2018 estão perto, mas estão muito longe: o crime é agora
Foto: Beto Barata/Fotos Públicas (07/05/2017)
Se discute muito 2018. Se Lula (PT) será candidato ou estará preso, se o político de Facebook João Doria (PSDB) vai dar o bote decisivo no padrinho Geraldo Alckmin (PSDB), se Jair Bolsonaro (PSC por enquanto) vai conseguir aumentar seu número de votos com o discurso de extrema-direita, se Marina Silva (Rede), a que não é mais novidade, conseguirá se recuperar. Como o PMDB e o DEM se articularão para continuar no poder. Mas discutimos menos do que deveríamos o que vivemos em 2017, neste exato momento. Agora. Neste momento em que um país inteiro foi transformado em refém. Não como metáfora, não como força de expressão. Refém é o nome do que somos.
Acompanho o escândalo do amianto desde 2001. E desde 2001 vejo os trabalhadores morrendo sem justiça. Em 2012, fiz uma reportagem em Casale Monferrato e vi uma cidade contaminada por uma fábrica da Eternit, com centenas de pessoas doentes, pessoas que nunca tinham pisado no chão de fábrica, pessoas de todas as classes e profissões. A tragédia de Casale poderá ser a paisagem futura de localidades brasileiras. A produção de amianto aqui começou mais tarde. E o pico dos mesoteliomas (câncer do amianto) acontecerá também mais tarde.
Por tudo isso, precisamos acompanhar com muita atenção o que o Supremo vai decidir nesta quinta-feira, dia 10. O amianto está no corpo dos trabalhadores, está nos nossos telhados, está nas nossas caixas d’água…
Como é possível que, em 2017, ainda se discuta no Brasil se é possível seguir produzindo e usando um material cancerígeno que mata milhares de pessoas e há muito foi banido de dezenas de países?
A maldição do amianto Vítimas lançam uma ofensiva internacional para cassar os títulos e prêmios do bilionário Stephan Schmidheiny, ex-dono da Eternit suíça. No Brasil, miram na Ordem do Cruzeiro do Sul, dada a ele pelo presidente Fernando Henrique Cardoso