Arquivos Mensais:julho 2018
O presente sem futuro
Sabemos que o futuro é o resultado do presente. Mas, com frequência, esquecemos que o presente também é o futuro que somos capazes de imaginar. Esgotado em si mesmo, o presente torna-se insuportável. O grande desafio atual é justamente como imaginar um futuro que não seja uma distopia. O desconforto que vivemos hoje não é um acontecimento cíclico, como alguns acreditam, mas sim um canto histórico sem precedentes na trajetória humana, formada por três grandes crises: a climática, a da democracia e a digital.
El presente sin futuro
Hay que recuperar la capacidad de imaginar un futuro no solo donde podamos vivir, sino donde queramos vivir
Leia na minha coluna no El País (somente em espanhol)
Fabiana Cozza: “Eu não sou uma vítima”
O que é ser negro? A negritude está apenas na cor da pele? A arte não é justamente o espaço onde o artista pode ser tudo e todos, para além de gêneros e cores? Qual peso a voz de Dona Ivone Lara deve ter na escolha final daquela que vai interpretá-la? E o que significa contrariar o seu desejo ao dizer que sua escolha não é a melhor? Dividir os negros num momento histórico em que os poucos direitos conquistados estão ameaçados não é uma estupidez política? Não seria fazer o jogo do poder e da branquitude, como apontaram alguns intelectuais negros?
São perguntas das quais não se deve fugir.
Por outro lado, há razão e razões no questionamento a uma negra de pele mais clara interpretar uma negra de pele mais escura. É um fato que os negros de pele mais escura têm muito mais dificuldade em ocupar qualquer espaço, qualquer posto e qualquer emprego, e não apenas os da arte. Se a arte é o território da alteridade, quando alguém já viu um grande protagonista branco ser interpretado por um preto no Brasil? Se já aconteceu, está na lista das raridades.
É evidente que esta é também uma questão política. E se é uma questão política, não seria o caso de compreender que, neste momento, de tanta desigualdade racial, é importante ter uma negra de pele mais escura interpretando uma negra de pele mais escura, como também foi dito por alguns intelectuais negros? Não seria um avanço do debate e da luta uma negra de pele mais clara ser capaz de renunciar em favor de uma bandeira política? Perder privilégios para fortalecer a causa mais ampla?
São perguntas das quais também não se deve fugir.
Em entrevista exclusiva, a cantora fala pela primeira vez sobre a renúncia ao papel da grande dama do samba, Dona Ivone Lara, devido aos protestos por não ser tão preta quanto a personagem
Leia na minha coluna no EL PAÍS Brasil