207 dias sem Marielle Franco, 207 dias sem que o crime tenha sido desvendado, 207 dias de impunidade.
Chegamos ao primeiro turno desta eleição ainda com o corpo de Marielle insepulto. Porque corpos assassinados ficam insepultos enquanto seus assassinos e os mandantes de seus assassinos permanecem encobertos e impunes.
Impunes estão todos os assassinos e torturadores da ditadura civil-militar, como o herói de Jair Bolsonaro, Carlos Alberto Brilhante Ustra. É o que diz a camiseta vestida por filhos de Bolsonaro e por seus apoiadores: “Ustra vive”. Ustra vive porque a violência do que ele representa e do que ele efetivamente fez foi reeditada nesta candidatura, e Ustra vive porque centenas de pais ainda não encontraram o corpo dos seus filhos assassinados pelo regime, muitos a mando de Ustra, para que pudessem sepultá-los e ter um túmulo onde chorar sua morte.
Quem matou Marielle? Quem matou Anderson?
Quem mandou matar Marielle?
Carreguem essas perguntas com vocês junto com o papelzinho onde estão escritos seus votos. Carreguem essas perguntas dentro de vocês dia após dia até que os panos caiam e a verdade apareça.
Marielle era uma vereadora que estava renovando a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Uma vereadora que estava renovando a política no Brasil. E por isso incomodava. Marielle era negra, era lésbica, era da favela. E por isso incomodava. Porque mulheres como ela, até pouco tempo, só poderiam fazer a limpeza da Câmara de Vereadores. E não estar no púlpito discutindo os problemas de sua comunidade de igual para igual. Marielle era inteligente, era bonita, era alegre. Marielle era uma mulher viva. E por isso também incomodava.
Então arrebentaram sua cabeça a tiros.
Luto é verbo.
Em memória de Marielle, lembrem-se da importância do legislativo. E votem bem. Em memória de Marielle, votem contra a opressão.
Bom voto a todos!