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¿Cómo hay que llamarlo?
Fenómenos como el bolsonarismo y el trumpismo desafían a la prensa a asumir responsabilidades y a fortalecer la búsqueda de la verdad
Nesta coluna, discuto a responsabilidade da imprensa em fenômenos como o bolsonarismo e o trumpismo, que estão longe de acabar, e a necessidade de criar novas estratégias para nomear o que vivemos.
Leia no no El País (somente em espanhol)
¿Cómo hay que llamarlo?
http://bit.ly/2YGDzEY
O monstruário das frases de Jair Messias Bolsonaro sobre a covid-19
De março de 2020 a início de janeiro de 2021, de nenhuma morte a mais de 200 mil mortes:
MARÇO de 2020:
Casos acumulados: 19
Óbitos acumulados: 0
*semana epidemiológica 10: 1º-7/03/2020
“Obviamente temos no momento uma crise, uma pequena crise. No meu entender, muito mais fantasia. A questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propala ou propaga pelo mundo todo.” (7/3, em Miami, na Flórida, região considerada de alto risco. Pelo menos 23 pessoas de sua comitiva foram infectadas)
“O que está errado é a histeria, como se fosse o fim do mundo. Uma nação como o Brasil só estará livre quando certo número de pessoas for infectado e criar anticorpos.” (17/3, em entrevista à rádio Tupi)
“Brevemente, o povo saberá que foi enganado por esses governadores e por grande parte da mídia nessa questão do coronavírus.” (22/3, em entrevista à TV Record)
“No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho.” (24/3, em pronunciamento oficial em rede nacional)
“O brasileiro tem de ser estudado, não pega nada. O cara pula em esgoto, sai, mergulha e não acontece nada.” (25/3, a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada)
“O vírus está aí. Vamos ter que enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, porra. Não como um moleque. Vamos enfrentar o vírus com a realidade. É a vida. Todos nós iremos morrer um dia.” (29/3, durante passeio em Brasília)
ABRIL de 2020:
Casos acumulados: 20.818
Óbitos acumulados: 699
*semana epidemiológica 15: 5-10/4
“Tá com medinho de pegar vírus? Brincadeira. E o vírus é uma coisa que 60% vão ter, ou 70%. (…) Eu desconheço qualquer hospital que esteja lotado.” (2/4, a apoiadores em frente ao Palácio do Planalto)
“Há 40 dias venho falando do uso da hidroxicloroquina no tratamento do covid-19. Cada vez mais o uso da cloroquina se apresenta como algo eficaz.” (8/4, no Twitter)
“Ninguém vai tolher meu direito de ir e vir.” (10/4, durante um passeio que produz aglomeração em Brasília, referindo-se às medidas de isolamento e restrição de circulação tomadas por governadores)
“Parece que está começando a ir embora essa questão do vírus.” (12/4, em videoconferência com líderes religiosos em comemoração da Páscoa)
“Eu não sou coveiro (20/4, a jornalistas no Palácio do Alvorada, ao ser questionado sobre as mortes causadas pela pandemia)
“E daí? lamento, quer que faça o quê? Eu sou Messias, mas eu não faço milagre.” (28/4, ao comentar o número de mortos durante uma entrevista, fazendo referência ao seu nome do meio – Jair Messias Bolsonaro)
MAIO de 2020:
Casos acumulados:155.939
Óbitos acumulados: 3.877
*semana epidemiológica19: 3-9/5
“Eu gostaria que todos voltassem a trabalhar, mas quem decide isso não sou eu, são os governadores e prefeitos.” (1/5, em live pelo Dia do Trabalhador)
“É uma neurose. 70% da população vai apanhar o vírus. Não há nada que eu possa fazer. É uma loucura.” (9/5, em passeio de jet sky no lago Paranoá)
“Se for isso mesmo, é guerra. Se quiserem eu vou a São Paulo, vocês têm que lutar contra o governador.” (14/5, em videoconferência promovida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – FIESP, incitando os empresários a lutar contra o “lockdown”)
“Quem for de direita toma cloroquina, quem for de esquerda toma tubaína.” (19/5, em entrevista ao Blog do Mano)
“Lamento as mortes, mas é a realidade. Todo mundo vai morrer aqui. Não vai sobrar nenhum aqui. (…) E se morrer no meio do campo, urubu vai comer ainda. (…) Pra que levar o terror junto ao povo? Todo mundo vai morrer. Quem tiver uma idade avançada e for fraco, se contrair o vírus, vai ter dificuldade. Quem tem doenças, comorbidades, também vai ter dificuldades. Esse pessoal que tem que ser isolado pela família, o Estado não tem como zelar por todo mundo, não.” (22/5, em discurso na saída do Palácio do Planalto)
“Não dá pra continuar assim. Nós sabemos que devemos nos preocupar com o vírus, em especial os mais idosos, quem tem doenças, quem é fraco, mas [sem] essa de fechar a economia. 70 dias a economia fechada. Até quando isso vai durar?”. (26/5, em entrevista)
JUNHO de 2020:
Casos acumulados: 850.514
Óbitos acumulados: 42.720
* semana epidemiológica 24: 7-13/6
“Pode ser que eu esteja equivocado, mas na totalidade ou em grande parte ninguém perdeu a vida por falta de respirador ou leito de UTI. Pode ser que tenha acontecido um caso ou outro. Seria bom você, na ponta da linha, tem um hospital de campanha aí perto de você, um hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente tá fazendo isso, mas mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados ou não, se os gastos são compatíveis ou não.” (10/6, em transmissão ao vivo no Facebook)
JULHO de 2020:
Casos acumulados: 1.839.850
Óbitos acumulados: 71.469
* semana epidemiológica 28: 5-11/7
“Todos vocês vão pegar [covid-19] um dia. Tem medo do quê? Enfrenta. Lamento as mortes. Morre gente todo dia, de uma série de causas. É a vida.” (em 30/7, em meio a uma aglomeração em Bagé, no Rio Grande do Sul)
AGOSTO de 2020:
Casos acumulados: 3.012.412
Óbitos acumulados: 100.477
* semana epidemiológica 32: 2-8/8
“Eu sou a prova viva de que [a cloroquina] deu certo. Muitos médicos defendem esse tratamento. Sabemos que mais de 100 mil pessoas morreram no Brasil. Caso tivessem sido tratadas lá atrás com esse medicamento, poderiam essas vidas [sic] terem sido evitadas.” (13/8, em inauguração de obra no Pará)
“No meu entender, guardando-se as devidas proporções, não vi no mundo quem enfrentou melhor essa questão do que o nosso governo.” (em 19/8, durante a assinatura de medidas provisórias de acesso ao crédito a micro e pequenos empresários)
“Se ela [cloroquina] não tivesse sido politizada, muito mais vidas poderiam ter sido salvas dessas 115 mil que o país perdeu até o momento. (…) Alguns mudam de médico, eu mudei de ministro. Entrou o [Nelson] Teich e ficou 30 dias, depois, para não ter mais uma mudança, deixei um interino, o Eduardo Pazuello. (…) O Pazuello resolveu mudar a orientação e botou ali ‘em qualquer situação, receitar-se a cloroquina’, de modo que o médico pudesse ter a sua liberdade”. (24/8, durante evento que o governo chamou de “Brasil Vencendo a Covid-19”)
“Quando pega [a covid-19] num bundão como vocês, a chance de sobreviver é bem menor do que a minha.” (aos jornalistas, no mesmo evento da declaração anterior)
“Ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina.” (31/8, em conversa com apoiadores no jardim do Palácio do Alvorada)
SETEMBRO de 2020:
Casos acumulados: 4.315.687
Óbitos acumulados: 131.210
* semana epidemiológica 37: 6-12/9
“Estamos praticamente vencendo a pandemia. O governo fez tudo para que os efeitos negativos da mesma fossem minimizados, ajudando prefeitos e governadores com necessidades na saúde. (…) [O Brasil] foi um dos países que menos sofreu com a pandemia.” (11/9, em aglomeração na Bahia)
OUTUBRO de 2020:
Casos acumulados: 5.082.637
Óbitos acumulados:150.198
* semana epidemiológica 41: 4-10/10
“Entramos [em] 2020, e tivemos o problema da pandemia que, no meu entendimento, foi superdimensionado.” (em 14/10, durante cerimônia oficial)
“No Brasil, tomando a cloroquina, no início dos sintomas, 100% de cura.” (24/10, a visitantes franceses, em frente ao Palácio do Alvorada)
“Vacina obrigatória só aqui no Faísca.” (em 24/10, no Twitter, junto à foto de um cachorro)
“Todo mundo diz que a vacina que menos demorou até hoje foram quatro anos. Eu não sei por que correr em cima dessa …” (em 26/10, durante a conversa matinal com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada)
“Está acabando a pandemia [no Brasil]. Acho que [o João Doria, governador de São Paulo] quer vacinar o pessoal na marra rapidinho porque [a pandemia] vai acabar e daí ele fala: ‘acabou por causa da minha vacina’. Quem está acabando é o governo dele, com toda certeza” (…) O que eu vejo na questão da pandemia? Está indo embora, isso já aconteceu, a gente vê livros de história.” (em 30/10, em declarações transmitidas por um site bolsonarista)
NOVEMBRO de 2020:
Casos acumulados: 5.653.561
Óbitos acumulados:162.269
* semana epidemiológica 45: 1º-7/11
“Essa história de segunda onda é verdade ou não? Ou é para destruir a economia de vez?” (…) “Aproveito a oportunidade, eleições municipais… Pessoal não dá muita bola para vereador e prefeito, mas é importante se preocupar e votar bem. O prefeito que fechou tudo, se achar que fez certo, reeleja ele. Se não, mude. (…) Setor turístico foi à lona, né? Quem é quem mandou fechar tudo, ficar em casa? Não fui eu né? Só para deixar claro, a destruição de emprego no Brasil quem fez?” (9/11, em vídeo divulgado no YouTube)
“Tudo agora é pandemia. Tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas, pô.” (10/11, durante cerimônia oficial)
“Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o [João] Doria queria obrigar todos os paulistanos a tomar. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha.” (10/11, no Facebook, ao comemorar a suspensão dos testes da vacina Coronavac)
“Conversinha.” (13/11, ao comentar a segunda onda de covid-19 com apoiadores na saída do Palácio do Alvorada)
“A questão da máscara, ainda vai ter um estudo sério falando sobre a efetividade da máscara… é o último tabu a cair” (26/11, em live)
DEZEMBRO de 2020:
Casos acumulados: 6.880.127
Óbitos acumulados: 181.123
* semana epidemiológica 50: 6-12/12
“Estamos vivendo um finalzinho de pandemia.” (10/12, durante inauguração de uma obra, em Porto Alegre)
“Eu não vou tomar vacina e ponto final. Minha vida está em risco? O problema é meu.” (15/12, durante uma “visita técnica” organizada pela Presidência da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, a CEAGESP, que reuniu centenas de apoiadores, grande parte deles sem máscaras)
“Lá no meio dessa bula está escrito que a empresa não se responsabiliza por qualquer efeito colateral. Isso acende uma luz amarela. A gente começa a perguntar para o povo: você vai tomar essa vacina?”. (16/12, em entrevista)
“Lá no contrato da Pfizer, está bem claro… Nós [a Pfizer] não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema seu (…) Se você virar Super-Homem, se nascer barba em alguma mulher aí, ou algum homem começar a falar fino, eles [Pfizer] não têm nada a ver com isso.” (18/12)
“A pandemia, realmente, está chegando ao fim. Temos uma pequena ascensão, agora, que chama de pequeno repique que pode acontecer, mas a pressa da vacina não se justifica. (…) Vão inocular algo em você. O seu sistema imunológico pode reagir, ainda de forma imprevista” (19/12, em entrevista ao programa de um de seus filhos no YouTube)
JANEIRO de 2021 (até o dia 16)
Casos acumulados: 8.455.059
Óbitos acumulados: 209.296
*semana epidemiológica 2:10-16/1
“O Brasil está quebrado, chefe. Eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, tá, teve esse vírus, potencializado pela mídia que nós temos, essa mídia sem caráter.” (5/1, na saída do Palácio do Planalto)
Pesquisa revela que Bolsonaro executou uma “estratégia institucional de propagação do coronavírus”
Peço toda a atenção para essa matéria exclusiva que acabamos de publicar: pesquisa de mais de 3 mil normas federais sobre a covid-19 revela “estratégia institucional de propagação do vírus” por Bolsonaro e seu Governo. Leiam até o fim, acessem os documentos, é aterrador.
Leiam na minha coluna no El País