Nasceu Sumaúma – Ouça, leia, apoie!

set 2022 radioBem-vinda, Rádio SUMAÚMA!

No primeiro episódio, em 12 de setembro de 2022,  Elizângela Baré, uma das fundadoras da Rede Wayuri de Comunicação Indígena da Amazônia, entrevistou, juntamente com Claudia Wanano (jornalista da Rede Wayuri @rede.wayuri), a jornalista Eliane Brum @brumelianebrum, fundadora da plataforma de jornalismo SUMAÚMA.

A cada duas semanas, sempre às segundas-feiras, a anfitriã Elizângela, indígena do povo Baré, vai conversar com dois jornalistas de SUMAÚMA, que irão contar os bastidores de grandes reportagens, diretamente do Centro do Mundo!

A #RádioSUMAÚMA tem produção da #VemDeÁudio @vemdeaudio
#Podcast #SUMAÚMAJornalismo #SUMAÚMA #ElianeBrum #Amazônia

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Leia AQUI as reportagens: https://sumauma.com/

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Apoie SUMAÚMA – Jornalismo do Centro do Mundo

Gentes queridas,

Vim aqui pedir apoio. É com grande ALEGRIA, essa que é potência de agir, que venho aqui para falar do projeto de uma vida.

Vocês, que me acompanham, conhecem meu jornalismo e conhecem minha luta. Sou jornalista há mais de 30 anos, há 25 cubro as diferentes Amazônias, há cinco vivo em Altamira, no Médio Xingu, epicentro tanto da destruição da Amazônia quanto da resistência.

Nesta semana, começa a nascer:

SUMAÚMA – JORNALISMO DO CENTRO DO MUNDO

Crio essa plataforma de JORNALISMO TRILÍNGUE com Jonathan Watts (editor global de meio ambiente do The Guardian), Carla Jimenez (que comandou o maravilhoso El País Brasil em seus 8 anos de existência), Verônica Goyzueta (correspondente internacional ) e Talita Bedinelli (ex-editora do El País Brasil).

Estamos trabalhando nessa criação desde o ano passado. E neste mês começaremos com uma semente, uma newsletter semanal a partir de 13 de setembro. E começamos com uma newsletter não porque queremos começar pequenos, mas porque não temos dinheiro para ser um jornal online, como queremos.

No mundo em COLAPSO CLIMÁTICO, com a Amazônia quase no ponto de não retorno, nós precisamos responder à urgência e crescer rapidamente, virar, no campo do jornalismo, essa árvore maravilhosa que é a Sumaúma, essa árvore que irriga tanto a TERRA quanto o CÉU.

Precisamos ECOAR e INFLUENCIAR, não só dentro do Brasil, mas em nível global.
Peço que leiam o manifesto no link abaixo, porque é resultado de muito caminho trilhado para compreender o que vivemos.

Escuto esses anos todos, de tantas pessoas, que é necessário um jornal realmente progressista, escuto que preciso escrever mais, outras e outros perguntam como podem me apoiar, tantas e tantas querem saber como podem se engajar na LUTA PELA AMAZÔNIA , na batalha pela natureza, na guerra pela vida. Bem, aí está a resposta.

Para que SUMAÚMA passe de newsletter a jornal e possa fazer real diferença no debate público e na vida das gerações que já nasceram, nós precisamos de dinheiro.
Sua doação mensal será muito relevante para que possamos fazer um jornalismo a partir da FLORESTA!

Alguém pode dizer (ou pensar): mas como apoiar algo que nem começou, que nem sei se vou gostar… Bem, confiamos que meu trabalho de mais de três décadas, assim como o de meus colegas, seja suficiente para avalizar o que somos capazes de fazer.
Estamos aqui, oferecendo o melhor que podemos, o mais difícil que podemos, porque sabemos que estamos em guerra e porque, nessa guerra, nosso lado está sendo massacrado.
Precisamos de LEITORES que façam COMUNIDADE com a gente.
Quero, inclusive, pedir um pouco mais. Se cada um de vocês, além de nos apoiar, conseguir outros CINCO apoios com seus amigos e conhecidos, nós crescemos.
A hora é agora. Como diz Ailton Krenak, o futuro é hoje, pode não haver amanhã.

LEIA O MANIFESTO:
https://apoia.se/sumaumajornalismo

Muito obrigada! Mesmo.
Eliane Brum
Sigam Sumaúma Jornalismo

 

A primeira-dama e o diabo

Ao tentar converter a campanha eleitoral em batalha bíblica, Michelle Bolsonaro demanda adesão à política pela fé

Leia no El País (em espanhol)

Michelle Bolsonaro, em 24 de julho no Rio de Janeiro. RICARDO MORAES (REUTERS/Reprodução do El País)

Michelle Bolsonaro, em 24 de julho no Rio de Janeiro. RICARDO MORAES (REUTERS/Reprodução do El País)

Michelle Bolsonaro, atual primeira-dama do Brasil, entrou na campanha disposta a converter o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no demônio encarnado. Com Lula em primeiro lugar nas pesquisas e, por enquanto, ganhando de seu marido em todas as simulações no segundo turno, Michelle anunciou-se em guerra religiosa. Abriu a temporada de baixarias ajoelhada ao lado do atual presidente em um midiático culto evangélico onde afirmou que, antes de o marido tomar posse, o palácio presidencial estava “consagrado aos demônios”. Em seguida, compartilhou um vídeo de Lula num ritual de umbanda em que as religiões de matriz africana estão relacionadas “às trevas”. Michelle acrescentou: “Isso pode, né? Eu falar de Deus, não”. O deputado aliado Marco Feliciano disseminou a mentira de que, se eleito, “Lula fecharia igrejas”. Se a campanha oficialmente só começou nesta terça-feira, até os mais laicos acreditam que essa eleição será o próprio inferno agora que a primeira-dama decidiu transformá-la numa batalha do Velho Testamento.

Terceira mulher de Jair Bolsonaro, Michelle é evangélica ligada aos ramos pentecostais e neopentecostais, os que mais crescem no Brasil e que tem mudado as feições do país. Já ele ainda se declara católico, embora tenha sido literalmente batizado no rio Jordão. O atual presidente foi batizado pelo Pastor Everaldo, político que mais tarde seria preso por corrupção relacionada ao desvio de recursos da saúde durante a pandemia de covid—19, numa daquelas sequências que torna a realidade brasileira mais fantástica do que qualquer ficção. Assim, um católico, outra evangélica neopentecostal, o casal Bolsonaro acende uma vela para cada uma das duas grandes vertentes religiosas do Brasil – a primeira em declínio, a segunda em acelerada ascensão, com cada vez maior influência nos centros de poder político.

A entrada da primeira-dama na linha de frente da campanha é bem calculada. Ela busca o voto das mulheres e o voto evangélico. As mulheres são as que mais rejeitam Bolsonaro e os evangélicos são parte crucial de sua base de apoio. Ao colocar-se em batalha religiosa, Michelle obriga Lula a se posicionar. Defensor do Estado laico, como determina a Constituição, Lula circula melhor nos círculos católicos que nos evangélicos, já que as comunidades eclesiais de base foram importantes na formação do Partido dos Trabalhadores, e tem boa relação com as religiões de matriz africana.

Ao colocar a primeira-dama em campo, o bolsonarismo mostra que compreende bem o Brasil. Com o crescimento das igrejas evangélicas fundamentalistas e sua narrativa do mundo a partir de uma leitura literal – e brutal – da Bíblia, pelo menos duas gerações de brasileiros foram formadas para compreender o mundo como uma disputa entre o bem e o mal. A verdade, neste caso, não está conectada aos fatos – e sim se aquele que fala é vendido como o bem ou como o mal. Ao lançar Lula como demônio, Michelle Bolsonaro demanda adesão à política pela fé: a crença se antecipa aos fatos e, assim, os fatos já não importam. Michelle pede aos brasileiros que passem a ler a realidade da mesma forma que leem a Bíblia. É muito mais grave do que parece: a religiosização da política é o fim da política – e a morte da democracia. É este o projeto de Bolsonaro.

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