A maior ameaça representada por Bolsonaro não é apenas para o Brasil, mas para o planeta. Além de anunciar que pode tirar o Brasil do Acordo do Clima de Paris, que busca controlar o aquecimento global, o candidato de extrema direita já anunciou várias medidas que vão abrir a Amazônia para o desmatamento.
Entre elas, afirmou que, além de fundir o ministério do Meio Ambiente com o de Agricultura, vai entregá-lo para um representante do “setor produtivo”. Também já afirmou que não vai demarcar um centímetro a mais de terras indígenas, hoje as principais barreiras ao desmatamento, e pretende que as já demarcadas possam ser vendidas. Também já disse que nenhum fazendeiro vai ser incomodado por fiscais do IBAMA. “Não vai ter um canalha de fiscal metendo a caneta em vocês!”, discursou em julho. “Direitos humanos é a pipoca, pô!”
Com 20% da floresta já destruída, a Amazônia está muito perto do ponto de virada (tipping point). Se isso acontecer, a floresta deixará de ser floresta para se tornar uma região de vegetação esparsa e baixa biodiversidade. Se a maior floresta tropical do mundo for destruída, combater a mudança climática global será quase impossível.
Em 8 de outubro, autores do relatório do Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alertaram que o aquecimento global não pode ultrapassar 1,5 graus C. Meio grau a mais multiplicaria os riscos de seca, inundações, calor extremo e pobreza para centenas de milhões de pessoas. Alertaram também que só há 12 anos para reverter esse processo. DOZE ANOS.
A floresta amazônica é essencial para controlar o aquecimento global. E Bolsonaro já anunciou medidas que vão entregá-la para os grileiros/agronegócio e abri-las ao desmatamento para ser convertida em pasto pra boi, latifúndio de soja e área de mineração.
Como o debate foi sequestrado no Brasil, o maior risco quase não é mencionado ou é simplesmente ignorado. Dentro do país. E também fora, onde a falta de posição de governos e parlamentos da maioria dos países sobre a ameaça que assombra o Brasil é uma vergonha de dimensões globais.
Se não for por posicionamento humanitário, representado pelo risco de um defensor da ditadura, da tortura e do extermínio dos diferentes se tornar o presidente do maior país da América do Sul, que pelo menos seja por cálculo: o Brasil pode ser um país periférico, mas a Amazônia não. A maior floresta tropical do planeta é essencial para o futuro do planeta. De todo o planeta.
O candidato de extrema direita já anunciou medidas que vão abrir a Amazônia ao desmatamento
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