A violência em Roraima é contra a imagem no espelho

A fronteira é um espaço de sobreviventes, que já conheceram o pior de vários mundos, sofreram estigmas, preconceitos e indignidades, e estão lutando por um lugar. Em condições favoráveis, são calorosos e solidários. Quando algo ameaça a sua posição, permanentemente instável, são pragmáticos. Fronteira é um não lugar de humanidades ferozes. Quem se torna elite nessas regiões é porque aprendeu a manipular paixão e medo.
A imagem dos venezuelanos entrando e entrando, desesperados, miseráveis e famintos, é a imagem que um migrante mais teme para si mesmo. É também a prova de que a estabilidade é sempre provisória, de que é possível perder tudo mais uma vez. É a evidência viva, encarnada, de que não há lugar seguro, de que o pertencimento é sempre precário. De que do outro lado da borda, o abismo espreita com olhos injetados de sangue. Quem viveu escorregando de todos os mapas sente a dor dessa experiência no corpo.

Uma família de venezuelanos passa pelos seus objetos pessoais incendiados por brasileiros na fronteira de Pacaraima (Roraima). NACHO DOCE REUTERS (Reprodução do El País)

Uma família de venezuelanos passa pelos seus objetos pessoais incendiados por brasileiros na fronteira de Pacaraima (Roraima). NACHO DOCE/ REUTERS (Reprodução do El País)

Os venezuelanos encarnam o pesadelo real de que toda estabilidade é provisória e o pertencimento é sempre precário

Leia na minha coluna no El País

O chuchu quer conquistar a soja

Parecendo emergir todo o dia de uma banheira de desinfetante, Geraldo Alckmin (PSDB+Centrão+3) promete transformar uma das regiões mais sensíveis da floresta amazônica em “canteiro de obras”. O chuchu quer ser o melhor amigo da soja. Mais do que isso. Quer mudar o status no Facebook para relacionamento sério com o agronegócio, o que para alguém tão religioso na política quanto Alckmin significa casamento com comunhão total de bens. Não é o único. A disputa pelo apoio do agronegócio, parte dele agrobanditismo, nunca foi tão acirrada na história recente. Em troca de apoio, os candidatos de direita prometem ser mais eficientes ao rifar a Amazônia do que os anteriores, que já tinham uma vistosa folha corrida de serviços prestados à grilagem.

Candidato à Presidência, Geraldo Alckmin (PSDB), participa de debate na Rede TV. NELSON ALMEIDA AFP (Reprodução do El País)

Candidato à Presidência, Geraldo Alckmin (PSDB), participa de debate na Rede TV. NELSON ALMEIDA AFP (Reprodução do El País)

A disputa da eleição pela direita, como aponta Geraldo Alckmin (PSDB), é quem vai levar o apoio do agronegócio rifando a Amazônia

Leia na minha coluna no El País

Os humanos que são a solução

Se os humanos que são a solução continuam a ser mortos pelos humanos que são o problema, o futuro será hostil para todos.

Un hombre indígena waiapi en la reserva de Amapa (Brasil). GETTY IMAGES (Reprodução do El País)

Un hombre indígena waiapi en la reserva de Amapa (Brasil). GETTY IMAGES (Reprodução do El País)

Los humanos que son la solución

 

Sin proteger a los científicos de las selvas, el futuro será todavía más hostil

Leia na minha coluna no El País (somente em espanhol)

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