Ao comer uma carne folheada a ouro com jogadores da seleção brasileira, ex-atacante disse que queria inspirar as pessoas. Não poderia ter feito escolha pior
ELIANE BRUM, JONATHAN WATTS
Comer bife folheado a ouro como fizeram, no Catar, o ex-fenômeno Ronaldo e os jogadores da seleção brasileira Éder Militão e Vinícius Júnior é errado de muitas maneiras diferentes. Mas aponta com exatidão o impasse do momento que vivemos. Que sejam brasileiros a protagonizar essa cena não é uma coincidência, já que o Brasil está no centro do destino da Terra. Lar de 60% da floresta amazônica e de outros biomas de importância global, o Brasil pode levar o planeta à catástrofe ou determinar uma mudança para uma direção que dá prioridade à vida — e não aos mercados. Essa escolha dependerá em grande parte do consumo de ouro e de carne: separados, eles são ruins; juntos, são uma receita para a destruição.
Deixar de comprar e usar ouro é imperativo. Muita gente pergunta o que pode fazer como indivíduo para combater o desmatamento na Amazônia. A luta mais importante é a coletiva, na pressão para a mudança das políticas públicas, como a que a União Europeia acabou de aprovar, proibindo, em todo o bloco, a compra de produtos associados ao desmatamento. Mas, como indivíduo, um ato eficaz é colaborar para rebaixar o status do ouro. Isso pode ser feito recusando-se a usar ou comprar joias de ouro, o que já é restrito a uma minoria com poder aquisitivo.
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