Em defesa da desesperança

Diante da atual conjuntura e de um ano que não acabará, é hora de superar a esperança

A esperança é consenso. Ao mesmo tempo amálgama, exortação e virtude. Aquele que acusa o outro de causar desesperança apresenta-se, ele mesmo, como um portador de esperança. Jamais, sob hipótese alguma, um desesperançado. O desesperançado é um pária político, é um pária social, é até mesmo um pária doméstico. O desesperançado não teria nada a oferecer a si mesmo, ao outro ou ao país. Só encontra alguma compaixão se, em vez de desesperançado, acatar o diagnóstico de “depressivo” e passar a consumir drogas lícitas para se “curar”. Aí, já não é mais desesperançado, mas “doente”. Para o doente, há perdão.

A esperança é a crença que une todos os credos, inclusive a falta de credo. Exige fé e, portanto, adesão. Se você a nega, torna-se um risco para todos os crentes.

Quero aqui fazer uma defesa da desesperança, neste momento tão agudo do Brasil.

Leia mais na minha coluna no El País.


Momento cabotino: neste final de ano, fui apontada como “a terceira jornalista mais admirada do país“, o que me deixou faceira por várias razões, em especial porque sou alguém que escreve textos longos na internet a cada 15 dias. Viva os textos longos na internet!


Quero agradecer pela companhia. Sem vocês, não teria graça. O que de melhor posso desejar, já que o desejo é livre também para ser impossível, é que 2015 acabe!

Beijos (e até 2015 🙂 )

Eliane