Por que um encontro de católicos assusta Bolsonaro, os generais e os destruidores da floresta
Leia na minha coluna no El País
Por que um encontro de católicos assusta Bolsonaro, os generais e os destruidores da floresta
Leia na minha coluna no El País
Quero contar pra vocês que meu novo livro está vindo. Busco pensar os caminhos pelos quais chegamos até este momento. Me ajudou a compreender melhor o que vivemos. Espero que possa ajudar vocês. Me movo, como sempre, pelas perguntas. Se alguém estiver interessado, a pré-venda já começou. No site da Arquipélago Editorial está com 20% de desconto. Também já está disponível nos sites das principais livrarias do Brasil. Botar um livro no mundo é uma grande responsabilidade pra mim e estou bem emocionada.
Sinopse:
“Temos vivido de espasmo em espasmo, um espasmo se sobrepondo ao outro, como se vivêssemos numa eterna respiração de afogados que apenas por um instante conseguem subir à superfície. Neste livro, a premiada jornalista Eliane Brum recupera o que perdemos: o processo. A partir de seu ponto de vista sempre singular, ela aponta o que é ruptura, o que é continuidade. Narra as transformações de um país que acreditava ter finalmente chegado ao futuro, mas descobriu-se atolado no passado. Partindo das reportagens e artigos de opinião escritos nos últimos anos, especialmente para sua coluna no jornal El País, ela documenta não só as mudanças objetivas, mas também as subjetivas, às vezes mais determinantes – da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro operário a alcançar o poder, aos primeiros cem dias do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro. Também analisa temas centrais para a compreensão das duas primeiras décadas deste século, como o crescimento dos evangélicos, o racismo estrutural, a violência que mata os mais pobres, os novos feminismos, a desmemória e o autoritarismo que nos espreita há mais tempo do que admitimos. E interpreta o Brasil a partir da violação da floresta por governos tanto de esquerda quanto de direita. A Amazônia é o ‘centro do mundo’ – e também deste livro.”
De forma deliberada, com método, Jair Bolsonaro mostrou, na abertura da Assembleia Geral da ONU, que é capaz de tudo. A Amazônia queimou diante do mundo e o presidente contra o Brasil diz ao planeta: “Nossa Amazônia permanece praticamente intocada”. E sua mentira é traduzida para todas as línguas. Depois, ele cita um versículo da Bíblia: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Bolsonaro goza com poder dizer qualquer coisa num palanque global. É assim que ele defeca pela boca, sim, mas defeca sobre a ONU. Não está ali desqualificando a si mesmo, mas todos os outros obrigados a escutá-lo mentindo como quem respira. Não está ali demonstrando sua inépcia, mas sim tornando ineptos todos os princípios que a Organização das Nações Unidas representam. Abriu a reunião mais importante do ano defendendo uma ditadura que sequestrou, torturou e executou cidadãos em nome do Estado. Bolsonaro sabia o que fazia, faz e fez o que disse que faria, faz e fez o que foi eleito para fazer.
O Brasil não tem poder atômico. É urgente compreender que o país tem, porém, o maior poder que já teve em sua história, que é o poder de destruir a Amazônia. É a maior floresta tropical do mundo que confere poder ao país que, de outro modo, seria periférico.
Este é um grande poder em tempos de emergência climática, já que a floresta é essencial para a regulação do clima do planeta. E é isso que Bolsonaro está fazendo, ao cumprir, aceleradamente, a primeira etapa, que é a de desprotegê-la, enquanto prepara o terreno para a seguinte, que é abrir as áreas protegidas para exploração. Este é o alvo de seu ataque contra Raoni, líder indígena que tem percorrido a Europa para denunciar o projeto de extermínio, e também de sua afirmação de que não demarcará mais terras indígenas.
Não há modo mais eficaz de desrespeitar uma casa do que dizer, dentro dela, em lugar de honra, que a despreza. Bolsonaro então alcança o clímax: afirma que as chamas que o mundo viu não existiram. A ONU, uma criatura parida pelo mundo do pós-guerra, representante das democracias liberais hoje em crise, não está preparada para lidar com os déspotas eleitos. Não foi Bolsonaro que passou vergonha, foi a ONU. Bolsonaro não tem vergonha.
Leia na minha coluna no El País
Quero compartilhar com vocês uma notícia que me dá muita alegria. Meu livro de reportagens The Collector of Leftover Souls, lindamente traduzido pela Diane Grosklaus Whitty e cuidadosamente editado pela Graywolf, nos Estados Unidos, acabou de ser nominado na lista dos 10 melhores livros estrangeiros do prestigioso National Book Award. Ele chega às livrarias em outubro de 2019!
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