O jornalismo ambiental em Eliane Brum

Roberto Villar Belmonte*

O livro mais recente da jornalista e escritora Eliane Brum é uma experiência arrebatadora e uma leitura desafiadora, como já escreveram, mas também é o relato de uma jornada floresta adentro e, exatamente por isso, é um curso aberto de jornalismo ambiental com aulas (capítulos) que provocam, instigam, impulsionam. Seus interesses jornalísticos são tão amplos que não cabem dentro do que chamamos de … Continue lendo

*Roberto Villar Belmonte é jornalista, professor universitário e membro do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq/UFRGS)

 

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O jornalismo de imersão de Eliane Brum – Patrícia Kolling

O negacionista “sincero” pode nos levar à extinção

Nossos problemas seriam infinitamente menores se os negacionistas fossem apenas Bolsonaro e sua turma. Estamos em emergência climática, mas a maioria vive como se esse fosse um assunto paralelo. Nesta coluna do EL PAÍS Brasil escrevo para o negacionista sincero, infelizmente a maioria da população, mas que ainda pode despertar em pé e agir.

Manifestantes protestam contra o uso de combustíveis fósseis durante a a Cúpula do Clima em Glasgow, nesta quarta. YVES HERMAN (REUTERS) - Reprodução do El País Brasil

Manifestantes protestam contra o uso de combustíveis fósseis durante a a Cúpula do Clima em Glasgow, nesta quarta.
YVES HERMAN (REUTERS) – Reprodução do El País Brasil

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O rompimento do mundo dos humanos

As pessoas passaram a ler a realidade da mesma forma que leem a Bíblia.

Na minha coluna desta semana, analiso o Nobel da Paz para jornalistas a partir do rompimento da linguagem, no meu ponto de vista a principal determinante para a profunda crise que vivemos.

“O que está em jogo é algo mais profundo: uma mudança na forma de apreensão da realidade, que confronta os pilares que forjaram a imprensa e o funcionamento da sociedade moderna. Por uma série de razões, o verbo que progressivamente passou a mediar uma parcela significativa das pessoas na sua relação com a realidade é “acreditar”. Não mais os verbos iluministas do duvidar, investigar, testar, confrontar, comparar etc. Mas acreditar. É uma mediação religiosa da realidade, determinada pela fé. A crença se antecipa aos fatos, e assim os fatos já não importam. É como se as pessoas passassem a ler a realidade da mesma forma que leem a Bíblia. Esta é a razão que determina a crise da imprensa, da ciência e de outros fundamentos que constituíram a modernidade, baseados na investigação e no questionamento constante, para os quais a dúvida é que move o processo de apreensão da realidade e de construção do conhecimento sobre o mundo.
É claro que essa mudança tem relação com o crescimento de um determinado tipo de religião, no Brasil marcadamente a expansão do neopentecostalismo de mercado, através de denominações religiosas produzidas por essa fase ainda mais predatória do capitalismo. Na minha interpretação, porém, a mediação da realidade pela fé é (não só, mas) principalmente sintoma da transfiguração do planeta pela crise climática. Ainda que a maioria das pessoas não seja capaz de nomear os impactos dessa monumental mudança em suas vidas, todos estão sentindo que o mundo que conhecem se desfaz debaixo dos pés. Mesmo para aqueles que a vida cotidiana sempre foi muito dura, a dureza desconhecida é ainda mais brutal do que a conhecida. No desamparo, em que também as instituições se desfazem, resta crer. E resta crer mesmo para aqueles não religiosos, no sentido estrito. E resta crer não apenas numa religião, mas em uma realidade que, se não é real no sentido de corresponder aos fatos, se torna real para quem nela acredita. Nesta proposição, a mediação da realidade pela crença seria uma adaptação à emergência climática que, em vez de enfrentá-la, a agrava.”

O presidente Jair Bolsonaro acena a apoiadores, aglomerados em plena pandemia de covid-19, em março. JOÉDSON ALVES/EFE (Reprodução do El País)

O presidente Jair Bolsonaro acena a apoiadores, aglomerados em plena pandemia de covid-19, em março. JOÉDSON ALVES/EFE (Reprodução do El País)

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O que significa cuidar de um filho numa pandemia?

Estamos num impasse diante da próxima geração, da qual somos todos pais. Dividi o que tenho pensado em parceria com outras mulheres, especialmente com as psicanalistas Luciana Pires e Ilana Katz, em quatro partes: 1) onde estamos metidos; 2) o que um adulto faz numa situação dessas; 3) abrir ou fechar as escolas, eis a falsa questão; 4) o que as crianças podem ensinar aos adultos. (O El País mantém abertos os textos sobre coronavírus. Então, é só clicar no link.)

Confinado, garoto de cinco anos exibe desenho da janela de seu apartamento em Zenica (Bósnia e Herzegovina). Série mostra crianças isoladas pelo mundo e suas imagens da pandemia —Ilhan desenhou bombeiros, profissionais essenciais e "seus heróis". DADO RUVIC / REUTERS (Reprodução do El País)

Confinado, garoto de cinco anos exibe desenho da janela de seu apartamento em Zenica (Bósnia e Herzegovina). Série mostra crianças isoladas pelo mundo e suas imagens da pandemia —Ilhan desenhou bombeiros, profissionais essenciais e “seus heróis”. DADO RUVIC / REUTERS (Reprodução do El País)

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