Middle Earth: the fight to save the Amazon’s soul

Amazônia Centro do Mundo na capa to The Guardian!

Assistam! 10 minutos que vão melhorar muito o seu dia.

É emocionante quando as pessoas derrubam muros, barreiras e barragens para lutar junt@s pela floresta. Atravessam suas dificuldades e até mesmo suas línguas para criar um comum global, para viver e fazer viver.

Estou muito emocionada.

Parabéns ao Fábio Erdos / Filmmaker & Photographer e ao Jonathan Watts pelo trabalho totalmente incrível! Este minidoc é todo inteligência e delicadeza. Representa a alegria como potência de agir, sentimento/ato que criou este encontro

#AmazôniaCentroDoMundo Junte-se a nós neste movimento que já inspira os mundos.

The New Yorker (Briefly Noted)

Reprodução The New Yorker

Reprodução The New Yorker

BOOKS

October 28, 2019 Issue

 

The Collector of Leftover Souls, by Eliane Brum, translated from the Portuguese by Diane Grosklaus Whitty (Graywolf). A Brazilian journalist, aiming to transcend reductive stereotypes of her country—“Carnival and soccer. Favelas, butts, and violence”—writes about what she calls “everyday insurrections.” In poetic, immersive essays, Brum assembles a chorus of “many Brazilian tongues”: forest-dwelling midwives, elderly-care-home residents, a terminal cancer patient, far-flung Amazon populations. In a São Paulo favela, she investigates not violence and death but “the delicate things that made life possible,” challenging herself to maintain an “eye of astonishment” while chronicling inequality.

(Resenha publicada em The New Yorker)

resenha new yorker

Eliane Brum e a arte de escrever para não matar e para não morrer

A Joana Oliveira escreveu uma matéria delicada e generosa sobre a minha escrita no EL PAÍS Brasil

Eliane Brum por Lilo Clareto

Eliane Brum por Lilo Clareto

Jornalista e escritora, que acaba de lançar coletânea de textos jornalísticos em inglês, aproxima-se da palavra através da escuta e conta com lirismo as histórias e detalhes da vida que (quase) ninguém vê

JOANA OLIVEIRA
São Paulo – 18 OCT 2019 – 21:16 BRT

Aos oito anos, Eliane Brum (Ijuí, Rio Grande do Sul, 1966) virou uma assassina. Pelo menos foi o que sentiu no dia em que matou um filhote de barata. A culpa foi tamanha que a menina ficou imaginando a vida que aquela criatura já não teria. Assim nasceu A biografia de uma barata, o primeiro texto da jornalista, escritora e documentarista, escrito em primeira pessoa em um caderno de capa vermelha que ela conserva até hoje. A colunista do EL PAÍS conta, entre gargalhadas, que esse foi o jeito que encontrou para “dar memória e uma vida” ao ser que havia matado. De certo modo, essa continua sendo a motivação da sua escrita. “Sempre digo que eu escrevo para não matar e para não morrer”, conta do outro lado do telefone, em Londres, em uma tarde cinzenta e de chuva fina.

Há poucas semanas, uma obra de Eliane entrou em um seletíssimo grupo de um dos mais prestigiosos prêmios literários dos EUA, ao lado do Pulitzer. The Collector of Leftover Souls (Graywolf Press), que reúne crônicas e reportagens produzidas entre 1999 e 2015, foi publicada nos Estados Unidos e no Reino Unido e entrou na lista das dez indicadas para o Prêmio Nacional de Literatura dos EUA (National Book Award) deste ano. A crítica especializada o define como uma coletânea de “vidas comuns tornadas extraordinárias por uma mestra em jornalismo que capta toda a sua perplexidade e rebelião silenciosa” e destaca a habilidade da autora em “habitar a vida de suas fontes enquanto suprime seus próprios preconceitos, julgamentos e visões de mundo”. Enquanto isso, no Brasil, Eliane, que é finalista do Prêmio Comunique-se como melhor jornalista de mídia escrita, prepara-se para lançar, no mês que vem, um novo livro. Brasil, construtor de ruínas (Arquipélago), parte de reportagens e artigos de opinião escritos nos últimos anos, especialmente o EL PAÍS.

Filha de professores que trabalhavam de manhã, de tarde e de noite para sustentar a ela e seus dois irmãos mais velhos, Eliane apaixonou-se pela palavra através da escuta. “Antes mesmo de aprender a ler ou escrever, sempre gostei muito de escutar e de ficar ouvindo histórias. Eu botava um banquinho num canto e ficava ouvindo as histórias dos adultos e observando muito as coisas. Sempre gostei muito mais de escutar do que de falar”. Ela lembra, no entanto, de uma sensação de “estar presa, um pouco encarcerada em um mundo pequeno”, sentimento que só dissipou quando começou a juntar as letras e fazer sentido com elas.

“Ler me deu essa possibilidade de ser muitas coisas, de não ficar presa no meu corpo. Eu podia ser homem, monstro, fada, planta, alienígena, podia ser um monte de coisa. O meu mundo ficou muito maior”. Foi assim que começou a trancar-se no quarto, ainda criança, com vários livros, sem querer sair sequer para comer. A escrita veio logo depois.

“Eu tinha nove anos quando acordei um dia, em uma manhã super melancólica. Estava chovendo, e eu me senti tão triste, tão sem saída, um sentimento insuportável… Aí escrevi minha primeira poesia, que era muito ruim”, conta e ri. “Aquilo me mostrou que escrever era um ato de vida. Para mim, até hoje, escrever é um ato de vida, um ato de fazer viver, de poder estar viva e de lutar pela vida e por tudo aquilo que é vivo. Essa menina, essa experiência com a palavra, pariu a mulher que eu sou hoje”.

Eliane fala com a voz suave e calma. Tem um jeito tranquilo que convive com o ímpeto de uma mulher determinada. Em 2017, mudou-se para Altamira, no Pará, para estar mais perto da pauta que tem motivado a maior parte de sua vida profissional e pessoal: a defesa da floresta e a vida (todo tipo de vida) no planeta. Ela conta que começou a ir para a Amazônia em 1998, quando trabalhava para o jornal gaúcho Zero Hora. Conheceu a floresta em cada Estado brasileiro onde ela nasce, cresce e é desmatada ou incendiada. Em 2011, começou acompanhar as histórias das pessoas que seriam afetadas pela construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, principalmente as populações ribeirinhas. Depois, decidiu instalar-se ali.

“Eu quis ficar mais perto. Coloco-me ao lado das pessoas que defendem que a Amazônia é o centro do mundo, principalmente no momento histórico em que o maior desafio da nossa espécie é a emergência climática. Aí eu pensava: se eu digo que ela é o centro do mundo, por que eu não estou lá? Resolvi ir para o centro do mundo e queria ter também essa experiência de ver o Brasil a partir da Amazônia, olhar de lá para o Sudeste, para Brasília, para o Sul, olhar da Amazônia para o mundo, mudar meu ponto de vista”, diz.

Essa determinação já havia nascido com a menina que pariu a mulher. Quando tinha cinco ou seis anos, durante a ditadura militar, seu pai era presidente de uma faculdade comunitária em Ijuí, e um de seus projetos era uma escola “que tinha muito o espírito do Paulo Freire”. Naquela época, a prefeitura achou aquela escola subversiva e, em uma reunião, Eliane viu o pai ser humilhado pelo prefeito. A escola foi retirada da administração da faculdade. “Aquela experiência foi tão chocante para mim, que voltei para casa e fiquei pensando em como eu ia responder àquela injustiça. E aí, na minha cabeça de criança, resolvi botar fogo na prefeitura”, conta. De madrugada, antes de todos da casa acordarem, Eliane colocou uma caixa de fósforo dentro do bolso do vestido e atravessou a praça que separava sua casa da sede municipal. “Eu fui e acendi o fósforo. Na minha cabeça, era só acendê-lo que conseguiria queimar a prefeitura. É claro que gastei a caixa de fósforos inteira e não consegui. Aí, voltei para casa com uma mistura de humilhação e alívio. Meu primeiro ato revolucionário, rebelde, foi fracassado. Mas serviu para descobrir, aos poucos, que escrever era um jeito de lutar sem botar fogo“.

Os desacontecimentos
Eliane tem muito “estranhamento”, não acha normais as coisas. “Descobri que estranhar era ser repórter. E eu sempre estranhei e sempre me interessei menos pelo que está no palco iluminado e mais pelo que está na coxia, os detalhes ao redor. É o que me interessa. Os detalhes e as subjetividades às vezes contam mais”. Para ela, são esses elementos que determinam o que chama de desacontecimentos e que são a principal matéria-prima do seu trabalho. As pessoas cujas histórias não são ouvidas ou contadas, as passagens do cotidiano que, de tão corriqueiras —mas não menos fantásticas, emocionantes ou importantes— não costumam aparecer nos noticiários. Foi com essas histórias que conquistou o prêmio Jabuti em 2007, com A Vida que Ninguém Vê, uma coletânea de textos sobre desacontecimentos diários que vão desde o mendigo que jamais pediu coisa alguma ou um álbum de fotografias encontrado no lixo até o carregador de malas do aeroporto que nunca voou.

“Nos primeiros anos de repórter, as pessoas diziam que eu fazia as pautas humanas. E eu sempre fiquei pensando: mas existem pautas não humanas?”, gargalha Eliane. “Sempre foi difícil dizer sobre o que eu escrevo. Acabo dizendo que escrevo sobre direitos humanos, mas não acho que seja isso, até porque eu acho que as gentes não são só humanas. Os animais são gente, as plantas são gente, eu vejo o mundo de um outro jeito“.

Autora de outros quatro livros — Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (1994), O Olho da Rua (2008), A Menina Quebrada (2013) e Meus desacontecimentos – A história da minha vida com as palavras (2014)—, Eliane também faz ficção. Publicou em 2011 o romance Uma Duas (LeYa), onde transforma em palavra, com a mesma força e sensibilidade de seus textos jornalísticos, a intrincada relação entre mãe e filha.

O romance nasceu em 2010 quando, depois de duas décadas como repórter, ela quis dedicar-se exclusivamente à ficção. Hoje, ainda escreve contos em algumas coletâneas, mas o plano foi adiado porque o Brasil aconteceu. “O país se convulsionou, digamos, e eu fui capturada por essa super realidade. Mas espero voltar para a ficção, porque tem realidades que a gente só consegue contar através dela. Há realidades que precisam ser inventadas para serem contadas”, diz.

Para escrever, depois de anos acostumada a trabalhar em meio ao barulho das redações, ela constrói um mundo próprio em qualquer lugar. “Em meu processo, sinto que escrevo primeiro dentro, vou costurando as coisas dentro de mim. Aí, quando sento mesmo para escrever, sou bem rápida”. Mantém o hábito da infância e tenta ler ao menos um livro por semana. Atualmente, está entregue ao romance Como ser as duas coisas, de Ali Smith, e Outras Mentes, de Peter Godfrey-Smith, que mistura história natural e filosofia. “Além dos que estou lendo, tenho meus livros de cabeceira. Nos últimos anos, são dois: Sempre a mesma neve e sempre o mesmo tio, da Hertha Müller, que é um livro lindíssimo, que me ajuda a resistir em cotidiano de exceção. O outro é Teoria King Kong, da Virginie Despentes, um livro selvagem, que segue ecoando em mim e para onde volto muitas vezes”, conta.

Hoje, Eliane entra na floresta para contar seus acontecimentos e desacontecimentos. “Minhas reportagens são por minha conta e são de longuíssimo prazo, podem durar anos”, ri. Ela conta que uma das melhores coisas de entrar na natureza é ficar sem conexão à Internet. “Só deixo uma mensagem no e-mail e aviso às pessoas mais próximas que eu vou sumir e depois volto. Isso é maravilhoso. Ainda bem que não tem Internet ainda por lá, porque aí dá para fazer realmente essa imersão profunda, que muda muito a gente”. Eliane ainda prefere ouvir —a si mesma, à floresta, à vida—. Entre matar e morrer no turbilhão do mundo, ela continua a escrever.

 

 

Entrevista: Brasil, o “eterno país do futuro” que se viu “atolado no passado”

No Público, jornal de Portugal, respondo a duas perguntas sobre o Brasil feitas pela ótima Mariana Correia Pinto. Está dentro de uma reportagem maior, que ela fez sobre os brasileiros chegando em Portugal para viver.

 

Fotos: Lilo Clareto

Fotos: Lilo Clareto

ENTREVISTA

Brasil: o “eterno país do futuro” que se viu “atolado no passado”

Há um país em “profundo desencanto” e em crise. Mas há também resistência e reinvenção. Os “Brasis” possíveis pelos olhos da jornalista, documentarista e escritora Eliane Brum.

MARIANA CORREIA PINTO
20 de Julho de 2018, 8:38
Leia o original em Público

Se perante um acontecimento o mundo estiver a olhar para um lado, é provável que Eliane Brum esteja a fitar o sentido contrário. Repórter, documentarista e escritora, nascida em 1966 em Ijuí, no Brasil, Eliane define-se como “uma escutadeira que escreve” — porque acredita que é nesse dom de saber ouvir que está boa parte do segredo de um bom jornalista. E ela escuta, muitas vezes “a vida que ninguém vê” (como diz o título de um dos seus livros), as que raramente são notícia, encontrando nelas o princípio de tudo. Na Amazónia, onde faz reportagem há 20 anos e para onde se mudou em Agosto passado, tem conhecido esse Brasil que não faz manchetes de jornal. Nesse país que jamais se conjuga no singular pode estar a resposta de futuro, disse ao P3 numa mini-entrevista feita por email. As lições dos invisíveis, as crises do Brasil, erros e virtudes e as novas gerações num breve olhar da jornalista mais premiada do Brasil, autora de vários livros e colaboradora do El País e do The Guardian.

Para uma “escutadeira” de histórias, como você mesma se define, alguém que está habituada a ver as vidas que ninguém vê, que narrativas tem ouvido nesse Brasil de hoje que ainda a surpreendem?

Acho que não se pode falar no Brasil no singular. São Brasis, muito diferentes entre si. Embora esse seja um momento extremamente duro para o país — e para boa parte do mundo —, há Brasis invisíveis com uma imensa força criadora. Faço reportagens na Amazónia há duas décadas, mas desde Agosto do ano passado moro em Altamira (Pará), no rio Xingu, e acompanho muito de perto os movimentos dos povos da floresta. Nessa época em que a mudança climática provocada pela nossa espécie se tornou o grande desafio, esses povos nos apontam uma outra forma de ser e de estar no mundo. Temos muito a aprender com eles se quisermos ter uma vida possível neste planeta. Eles nos trazem uma outra relação com o tempo e com os recursos naturais. Essa relação questiona profundamente as escolhas que nos trouxeram até esse momento tão grave. Acho fascinante escutar pessoas que vivem a partir de lógicas tão diferentes, que questionam com sua própria existência aquilo que naturalizamos como o único jeito de viver. Pergunto a eles o que é pobreza, eles me dizem que “ser pobre é não ter escolha”. Pergunto o que é riqueza, eles me dizem que “ser rico é não precisar de dinheiro para viver bem”. O orgulho da maioria dos ribeirinhos da Amazónia, por exemplo, é nunca ter tido um emprego ou um patrão, é ter vivido uma vida sem ninguém mandando neles. Vivem da floresta, mas sem uma lógica de posse da floresta. É importante perceber que, hoje, talvez a única relevância do Brasil no cenário internacional é ter no seu território a maior porção da maior floresta tropical do mundo. Mas, se existe floresta em pé, é por conta dos povos da floresta. Onde eles já foram expulsos ou exterminados, a devastação é enorme. O conhecimento dos povos da floresta, que são os que eu escuto como repórter actualmente, é fundamental para que o Brasil possa criar uma experiência diferente de todas as outras em vez de copiar, e copiar mal, experiências de outros países que já se mostraram perversas e excludentes. Infelizmente, o Brasil que detém o poder económico e político ignora os Brasis mais originais e, aceleradamente, os destrói.

O meu trabalho centra-se nessa vaga migratória de brasileiros que está a ver em Portugal uma geografia de futuro que de certa forma deixou de encontrar no Brasil. Como tem acompanhado esse fenómeno e de que forma acha que ele pode reflectir-se no futuro do seu país?

Uma grande questão do nosso tempo, e não só no Brasil, é a dificuldade de imaginar um futuro que não seja uma distopia. Duas crises muito profundas nos levaram a essa situação: a crise climática e a crise da democracia como sistema capaz de garantir a melhoria da vida das pessoas. Quando a gente não consegue imaginar um futuro, fica muito difícil viver no presente. O presente é resultado também do futuro que somos capazes de imaginar.
No Brasil, esse momento é agravado por um profundo desencanto. Essa actual geração de jovens brasileiros cresceu na primeira década deste século, um período em que o Brasil, eterno país do futuro, acreditou ter finalmente chegado ao presente. Nos últimos anos, porém, o Brasil se descobriu atolado no passado. E se descobriu de forma brutal e acelerada. Por quase uma década acreditamos ter uma democracia estável, a pobreza havia diminuído, grandes eventos mundiais seriam sediados no Brasil, como a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016, e o futuro parecia não só garantido, como brilhante. De repente, tudo se corroeu de forma acelerada, a corrupção virou a marca do país, a mudança pela via da política se tornou desacreditada, os ódios explodiram, os conflitos históricos, aqueles que jamais foram enfrentados com o empenho necessário, como o racismo e a desigualdade, se revelaram em toda a sua urgência. Assim, o desejo de buscar um outro país onde seja possível imaginar um futuro no qual se queira viver é compreensível.
Por outro lado, acho triste que parte dessa geração não consiga se sentir responsável pela criação de um futuro possível. Acho que a desresponsabilização também é uma marca da juventude actual. Corroemos o sentido de comunidade e de convivência entre os diferentes, o que resulta na corrosão do sentido de responsabilidade com o outro. As soluções acabam sendo sempre pela via individual, o que importa é salvar o meu ou aquilo que é dos “meus”, em vez de buscar juntos, construir juntos, se sentir parte da criação de um país possível para a maioria.
Então, se é legítimo buscar um lugar melhor para viver, também é triste não se sentir responsável por criar um futuro possível, não se sentir parte da construção de um país mais igualitário, não achar que tenha algo a ver com a sua comunidade. Mas esta é uma parcela dessa geração, não o todo. Quem anda pelos Brasis vê muitos jovens pressionando pela ampliação da participação democrática, criando alternativas criativas e fazendo movimentos de mudança. Tenho conhecido jovens maravilhosos, totalmente comprometidos com a refundação tanto da democracia como do sentido de comunidade.

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