Queria começar dizendo do meu horror por estar escrevendo esse texto sobre os 100.000 mortos enquanto algumas centenas deles estão vivos e lutando pela vida. Todos nós já sabemos que chegaremos aos 100.000 mortos. E este é o horror. E ultrapassaremos os 100.000 mortos, e este é o horror. E não sabemos em quantos milhares de mortos chegaremos, porque não há nenhum controle no Brasil sobre a disseminação da covid-19. Eu ainda sentiria horror se estivesse lidando apenas com a fatalidade de um vírus. Mas tenho convicção de que não é disso que se trata. Uma convicção baseada em fatos, como deve ter uma jornalista que emite sua opinião. Uma convicção fundada em acompanhamento do Diário Oficial da União e da comunicação do Governo. Meu horror é infinitamente maior justamente porque testemunhamos um genocídio praticado por Jair Bolsonaro e todos os funcionários ― fardados ou não, peito estrelado ou não ― que têm poder de decisão. Meu horror é por escrever sabendo que chegaremos aos 100.000 mortos e perceber que não encontramos força para barrar o genocídio e ainda não encontramos gente suficiente ― no Brasil e no mundo ― para se somar à luta para barrar um crime contra a humanidade.
“Há indícios significativos para que autoridades brasileiras, entre elas o presidente, sejam investigadas por genocídio”
Gente, essa entrevista é muito importante. A jurista Deisy Ventura é uma autoridade no estudo da relação entre direito internacional e pandemias. Ela afirma que há indícios fortes e suficientes para investigar Jair Bolsonaro e outras autoridades do governo federal pelo crime de genocídio na resposta à pandemia de covid-19. Com seriedade e responsabilidade, ela esclarece tudo o que precisamos saber para nos posicionarmos neste tema. Precisamos, tod@s nós, compreender que vivemos numa encruzilhada histórica. E precisamos estar à altura deste momento, em nome de nossa responsabilidade com as gerações futuras.
Con Bolsonaro, Brasil llega al pasado
#liberteofuturo
Por que nos juntamos num movimento global de resgate do presente
No manifesto #liberteofuturo, lançado neste domingo, 5 de julho, escrevemos: “Lançamos esse movimento porque não queremos ser abatidos como gado. Seja no campo ou na cidade, queremos viver como floresta ―em pé― e lutar”. Sim, queremos lutar pelo futuro do presente ―no presente. Nós, que temos nos mostrado tão competentes em imaginar o fim do mundo ―do apocalipse bíblico aos filmes de zumbi, dos vírus (que agora tivemos uma amostra) a um ataque alienígena, do domínio da inteligência artificial ao holocausto nuclear―, temos que nos tornar capazes de imaginar o fim do capitalismo. Temos que nos tornar capazes, principalmente, de imaginar um futuro onde possamos e queiramos viver. Imaginar é ação política. Imaginar é instrumento de resistência. Imaginar o futuro já é começar a criar o presente.
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Soy testigo de un genocidio
Bolsonaro utiliza la covid-19 para hacer una “limpieza étnica”
Leia no El País (em espanhol)