Bolsonaro é mito, sim

O impeachment é urgente para derrubar o homem que já assassinou mais de 525 mil brasileiras e brasileiros, mas para destruir a criatura mítica será preciso refundar o Brasil.

Manifestantes protestam contra Bolsonaro em São Paulo, no dia 3 de julho de 2021. DPA VÍA EUROPA PRESS / EUROPA PRESS (Reprodução do El País)

Manifestantes protestam contra Bolsonaro em São Paulo, no dia 3 de julho de 2021. DPA VÍA EUROPA PRESS / EUROPA PRESS (Reprodução do El País)

Leia no El País (em português e em espanhol)

Maria, preciso te contar sobre Bolsonaro, o fazedor de órfãos

Maria, você tem apenas 2 anos. Um, dois. E apenas esses dois anos separam seu nascimento da morte do seu pai. Lilo Clareto morreu em 21 de abril. A causa oficial da certidão de óbito é: “sepse grave, pneumonia associada à ventilação e covid (tardia)”. Mas essa é apenas a verdade parcial sobre a morte do seu pai. Eu olho para você, Maria, e me preparo para a conversa que um dia teremos, aquela em que precisarei contar a você a verdade inteira.

Maria, seu pai foi vítima de extermínio. Seu pai é um dos mais de 410.000 brasileiros que tombaram por um crime contra a humanidade entre os anos de 2020 e 2021. Enquanto eu escrevo essa carta para você, os assassinatos seguem acontecendo a uma média de quase 2.400 cadáveres por dia. Eu olho para você, Maria, e você ainda diz, os olhos escancarados de expectativa, quando alguém faz barulho na porta da frente: “pa!”. E, então, decepcionada: “pa?”.

(continue lendo a carta no site do EL PAÍS Brasil)

LILO CLARETO / ACERVO PESSOAL

LILO CLARETO / ACERVO PESSOAL

 Leia em português e em espanhol

¿Cómo hay que llamarlo?

Fenómenos como el bolsonarismo y el trumpismo desafían a la prensa a asumir responsabilidades y a fortalecer la búsqueda de la verdad

Nesta coluna, discuto a responsabilidade da imprensa em fenômenos como o bolsonarismo e o trumpismo, que estão longe de acabar, e a necessidade de criar novas estratégias para nomear o que vivemos.

Manifestantes que representan a pacientes sin oxígeno participan en una protesta contra el presidente brasileño, Jair Bolsonaro, y su gestión de la pandemia, en Brasilia (Brasil), el pasado 31 de enero. SERGIO LIMA / AFP  (Reprodução do El País)

Manifestantes que representan a pacientes sin oxígeno participan en una protesta contra el presidente brasileño, Jair Bolsonaro, y su gestión de la pandemia, en Brasilia (Brasil), el pasado 31 de enero. SERGIO LIMA / AFP (Reprodução do El País)

Leia no no El País (somente em espanhol)

1000 dias sem Marielle

marielleHoje, há 1000 dias sem Marielle Franco e Anderson Gomes, estamos juntos lembrando e fazendo lembrar, estamos juntos exigindo justiça. E, por estarmos juntos, somos mais potentes.

Somos +um+um+… O que fazemos, hoje, juntos, é dizer: não esqueceremos nem deixaremos esquecer.

Lembrar, fazer memória da execução de uma mulher, negra, LGBTQIAS+, criada na favela, que ousou fazer política no centro, desafiando os donos do poder e as milícias, é gesto coletivo de resistência. Estamos dizendo que não aceitamos mais um país em que uma parte da população é “matável” por sua cor, por seu gênero, por sua orientação sexual, por sua classe social. Estamos dizendo que o genocídio negro e indígena tem que parar. Ao pedirmos justiça por Marielle estamos pedindo justiça por Marielle, estamos pedindo justiça por Anderson e estamos pedindo justiça por todos os que foram assassinados por sua cor, por sua orientação sexual, por sua origem social, por seu gênero, por suas lutas políticas.
A investigação sobre a execução de Marielle já lançou luz sobre o crime organizado, em especial as milícias, no Rio. Identificar, julgar e responsabilizar os mandantes do assassinato de Marielle Franco vai, ao mesmo tempo, revelar ainda mais o Brasil e também mudar o Brasil.
A responsabilização ou a não responsabilização dos mandantes da execução de Marielle determinará que país seremos e também que povo seremos. O assassinato de Marielle e a nossa capacidade, como sociedade, de fazer ou não justiça, representa essa encruzilhada. Essa é uma luta entre os Brasis que acreditam que as Marielles podem continuar sendo assassinadas sempre que deixarem o lugar subalterno que foi determinado às mulheres negras e os Brasis que acreditam que é preciso acabar com o racismo estrutural ou não teremos nenhuma chance de criar um futuro possível com todos os outros. Vidas negras importam, é isso o que estamos dizendo. Estamos dizendo também, junto com a Coalizão Negra por Direitos, que enquanto houver racismo não haverá democracia.

Marielle representa as periferias que reivindicam seu legítimo lugar de centro, representa tudo o que as forças autoritárias querem silenciar e apagar – também à bala. Não permitiremos!

Meu pequeno gesto diário, há 1000 dias, é resistência. Quando eu tuíto e posto no Facebook – Quem mandou matar Marielle? E por quê? – estou fazendo o pequeno, muito pequeno mesmo, gesto de levantar meu cartaz e fincar numa esquina movimentada de mundo. Se formos milhões pedindo todos os dias justiça por Marielle, nos moveremos nesse país. Em direção à vida, em direção à equidade racial, social, de gênero. Vamos todos, juntos, perguntar todos os dias, vamos todos exigir justiça para Marielle e Anderson, vamos todos afirmar em uma só voz: nenhuma/nenhum a menos.

#1000DiasSemMarielle

#1000DiasSemAnderson

#1000DiasSemRespostas

#1000DiasSemJustiça

#MariellePresente

 

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