Doente de Brasil

Como resistir ao adoecimento num país (des)controlado pelo perverso da autoverdade

Jair Bolsonaro é um perverso. Não um louco, nomeação injusta (e preconceituosa) com os efetivamente loucos, grande parte deles incapaz de produzir mal a um outro. O presidente do Brasil é perverso, um tipo de gente que só mantém os dentes (temporariamente, pelo menos) longe de quem é do seu sangue ou de quem abana o rabo para as suas ideias. Enquanto estiver abanando o rabo – se parar, será também mastigado. Um tipo de gente sem limites, que não se preocupa em colocar outras pessoas em risco de morte, mesmo que sejam funcionários públicos a serviço do Estado, como os fiscais do IBAMA, nem se importa em mentir descaradamente sobre os números produzidos pelas próprias instituições governamentais desde que isso lhe convenha, como tem feito com as estatísticas alarmantes do desmatamento da Amazônia. O Brasil está nas mãos deste perverso, que reúne ao seu redor outros perversos e alguns oportunistas. Submetidos a um cotidiano dominado pela autoverdade, fenômeno que converte a verdade numa escolha pessoal, e portanto destrói a possibilidade da verdade, os brasileiros têm adoecido. Adoecimento mental, que resulta também em queda de imunidade e sintomas físicos, já que o corpo é um só.

O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia de troca da guarda. (Foto de EVARISTO SA/AFP/ Reprodução do El País))

O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia de troca da guarda. (Foto de EVARISTO SA/AFP/ Reprodução do El País)

Leia na minha coluna no El País

“Empresários não podem ser batedores de carteiras”

A maioria dos empresários brasileiros parece ter raiva da Amazônia. Com mentalidade de século 20, às vezes do século 19, só sabem arrancar as riquezas da floresta deixando devastação em seu lugar. Jorge Hoelzel Neto, da Mercur, é um empresário que prefere criar coisas vivas em vez de mortas. Acompanhar como ele foi mudando o jeito de pensar e compreendendo que crescer e lucrar não é o mais importante pode ajudar bastante a compreender a floresta tão distante da maioria dos brasileiros e também a entender o que é necessário compreender neste momento em que o governo Bolsonaro acelerou a destruição da Amazônia e preferiu ignorar a economia da floresta. Observei Jorge por vários anos, em seu trato com a floresta e com seus povos, para checar suas ações e intenções antes de entrevistá-lo.

O empresário Jorge Hoelzel Neto colhendo o látex da seringueira na Terra do Meio (Pará), na Amazônia. LILO CLARETO/ISA (Reprodução El País)

O empresário Jorge Hoelzel Neto colhendo o látex da seringueira na Terra do Meio (Pará), na Amazônia. LILO CLARETO/ISA (Reprodução El País)

Leia na minha coluna no El País

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