A marcha dos mortos

Queria começar dizendo do meu horror por estar escrevendo esse texto sobre os 100.000 mortos enquanto algumas centenas deles estão vivos e lutando pela vida. Todos nós já sabemos que chegaremos aos 100.000 mortos. E este é o horror. E ultrapassaremos os 100.000 mortos, e este é o horror. E não sabemos em quantos milhares de mortos chegaremos, porque não há nenhum controle no Brasil sobre a disseminação da covid-19. Eu ainda sentiria horror se estivesse lidando apenas com a fatalidade de um vírus. Mas tenho convicção de que não é disso que se trata. Uma convicção baseada em fatos, como deve ter uma jornalista que emite sua opinião. Uma convicção fundada em acompanhamento do Diário Oficial da União e da comunicação do Governo. Meu horror é infinitamente maior justamente porque testemunhamos um genocídio praticado por Jair Bolsonaro e todos os funcionários ― fardados ou não, peito estrelado ou não ― que têm poder de decisão. Meu horror é por escrever sabendo que chegaremos aos 100.000 mortos e perceber que não encontramos força para barrar o genocídio e ainda não encontramos gente suficiente ― no Brasil e no mundo ― para se somar à luta para barrar um crime contra a humanidade.

Covas abertas no cemitério de Vila Formosa, em São Paulo, para receber as vítimas da pandemia de covid-19AMANDA PEROBELLI / REUTERS (Reprodução do El País)

Covas abertas no cemitério de Vila Formosa, em São Paulo, para receber as vítimas da pandemia de covid-19 AMANDA PEROBELLI / REUTERS (Reprodução do El País)

Leia no El País (em português e em espanhol)

“Há indícios significativos para que autoridades brasileiras, entre elas o presidente, sejam investigadas por genocídio”

Gente, essa entrevista é muito importante. A jurista Deisy Ventura é uma autoridade no estudo da relação entre direito internacional e pandemias. Ela afirma que há indícios fortes e suficientes para investigar Jair Bolsonaro e outras autoridades do governo federal pelo crime de genocídio na resposta à pandemia de covid-19. Com seriedade e responsabilidade, ela esclarece tudo o que precisamos saber para nos posicionarmos neste tema. Precisamos, tod@s nós, compreender que vivemos numa encruzilhada histórica. E precisamos estar à altura deste momento, em nome de nossa responsabilidade com as gerações futuras.

Uma indígena yanomami com uma máscara em 30 de junho em Alto Alegre. Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, há mais de 17.000 indígenas contaminados por covid-19, 547 mortos e 143 povos atingidos.JOÉDSON ALVES / EFE (Reprodução do El País)

Uma indígena yanomami com uma máscara em 30 de junho em Alto Alegre. Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, há mais de 17.000 indígenas contaminados por covid-19, 547 mortos e 143 povos atingidos. JOÉDSON ALVES / EFE (Reprodução do El País)

Leia no El País (em português, em espanhol e em francês)

#liberteofuturo

Por que nos juntamos num movimento global de resgate do presente

julho liberte futuro

No manifesto #liberteofuturo, lançado neste domingo, 5 de julho, escrevemos: “Lançamos esse movimento porque não queremos ser abatidos como gado. Seja no campo ou na cidade, queremos viver como floresta ―em pé― e lutar”. Sim, queremos lutar pelo futuro do presente ―no presente. Nós, que temos nos mostrado tão competentes em imaginar o fim do mundo ―do apocalipse bíblico aos filmes de zumbi, dos vírus (que agora tivemos uma amostra) a um ataque alienígena, do domínio da inteligência artificial ao holocausto nuclear―, temos que nos tornar capazes de imaginar o fim do capitalismo. Temos que nos tornar capazes, principalmente, de imaginar um futuro onde possamos e queiramos viver. Imaginar é ação política. Imaginar é instrumento de resistência. Imaginar o futuro já é começar a criar o presente.

Acesse: www.liberteofuturo.net 

Nos busque nas redes: instagram, facebook e twitter: @liberteofuturo.

Nos encontre pela hashtag #liberteofuturo e #freethefuture.

Leia mais no El País

Soy testigo de un genocidio

Bolsonaro utiliza la covid-19 para hacer una “limpieza étnica”

Una mujer indígena durante el funeral del cacique Messías Kokama, víctima de la covid-19, en el Parque de las Tribos, en la ciudad de Manaos, Amazonas (Brasil).RAPHAEL ALVES / EFE (Reprodução do El País)

Una mujer indígena durante el funeral del cacique Messías Kokama, víctima de la covid-19, en el Parque de las Tribos, en la ciudad de Manaos, Amazonas (Brasil). RAPHAEL ALVES / EFE (Reprodução do El País)

Leia no El País (em espanhol)

Página 22 de 70« Primeira...10...2021222324...304050...Última »