O apoio popular à paralisação dos caminhoneiros pode apontar para uma versão brasileira do eleitor de Donald Trump?
Minha coluna no jornal El País (somente em espanhol)
O apoio popular à paralisação dos caminhoneiros pode apontar para uma versão brasileira do eleitor de Donald Trump?
Minha coluna no jornal El País (somente em espanhol)
Ser responsável hoje é afirmar que a situação NÃO está sob controle.
Como fazer para que as pessoas acordem para a mudança climática na época do entretenimento?
Leia na minha coluna no EL PAÍS.
No dia 16 de maio, falei sobre o atual momento da luta das mulheres no Fórum Pacto Global 15 anos, da ONU, no auditório do MASP (Museu de Arte de São Paulo):
Para assistir a todas as palestras, acesse:
https://www.youtube.com/watch?v=ilqRkqZ7vjM
Atingidos pela hidrelétrica, seres humanos vivem alagados por água podre na cidade de Altamira, num cenário pós-apocalíptico
Marlene acorda na madrugada. Ela teve um pesadelo. Um de seus netos morria afogado no lago. Quando acorda, ela já sente o cheiro de esgoto. Sacode Carlos, que dorme ao seu lado. “Carlos, alagou.” O marido está esgotado pelo dia de trabalho. Ele pinta casas que não alagam. “Você tá sonhando.” Marlene não está. Ela bota o pé para fora da cama e pisa. O frio da água molhando o pé lhe provoca um horror silencioso. Naquele momento o horror é só dela. “Eu não sei nadar”, é o que Marlene pensa sem parar. “Eu nunca aprendi a nadar.” Ela então repete. “Alagou, Carlos.” Carlos abandona o sono para lembrar que não há pesadelo pior que a vida no Jardim Independente 1, na cidade de Altamira, no Pará.
Leia AQUI minha reportagem na Amazônia Real
As mulheres, tantas vezes chamadas de putas, vagabundas, bruxas, tantas vezes socialmente condenadas e excluídas por isso, impedidas de se expressar, barradas em seus desejos, enclausuradas como loucas, conhecem melhor do que ninguém o que é a morte em vida. A morte pelo ostracismo e pela exclusão. O peso de um linchamento público. A invisibilidade mesmo sendo visível. O vazio de ser condenada a não ser vista pelo outro, pelos outros. A voz que grita e que mesmo assim não é escutada.
A experiência das mulheres de ser violentada de tantas maneiras neste mundo, uma delas pelo silêncio diante de seus gritos, deve nos ajudar a querer justiça para os assediadores, abusadores e estupradores – mas nunca, jamais vingança. A vingança não nos merece.
Leia no El País