Brasil sin ruedas (Brasil sem rodas)

O apoio popular à paralisação dos caminhoneiros pode apontar para uma versão brasileira do eleitor de Donald Trump?

Greve dos caminhoneiros, via Anchieta próximo da entrada para o Rodonel. São Bernardo do Campo, SP. 27 de maio de 2018. Fotos: Roberto Parizotti/ Fotos Públicas

Greve dos caminhoneiros, via Anchieta próximo da entrada para o Rodonel. São Bernardo do Campo, SP. 27 de maio de 2018. Foto: Roberto Parizotti/ Fotos Públicas

Minha coluna no jornal El País (somente em espanhol)

A Veneza de Belo Monte

O bairro Jardim Independente 1, na cidade de Altamira, sofreu o impacto da especulação imobiliária causado pela construção de Belo Monte. LILO CLARETO

Fotos: Lilo Clareto

Atingidos pela hidrelétrica, seres humanos vivem alagados por água podre na cidade de Altamira, num cenário pós-apocalíptico

 

Marlene acorda na madrugada. Ela teve um pesadelo. Um de seus netos morria afogado no lago. Quando acorda, ela já sente o cheiro de esgoto. Sacode Carlos, que dorme ao seu lado. “Carlos, alagou.” O marido está esgotado pelo dia de trabalho. Ele pinta casas que não alagam. “Você tá sonhando.” Marlene não está. Ela bota o pé para fora da cama e pisa. O frio da água molhando o pé lhe provoca um horror silencioso. Naquele momento o horror é só dela. “Eu não sei nadar”, é o que Marlene pensa sem parar. “Eu nunca aprendi a nadar.” Ela então repete. “Alagou, Carlos.” Carlos abandona o sono para lembrar que não há pesadelo pior que a vida no Jardim Independente 1, na cidade de Altamira, no Pará.

 

Leia AQUI minha reportagem na Amazônia Real

Leia AQUI no El País

Marlene Moraes da Silva tem o sonho recorrente de que ela e os netos morrem afogados durante a cheia.

Marlene Moraes da Silva tem o sonho recorrente de que ela e os netos morrem afogados durante a cheia.

Carlos Alves Moraes, ribeirinho que virou pintor de paredes, mostra a porta suspensa por cordas que usa para erguer seus pertences mais importantes quando a casa alaga.

Carlos Alves Moraes, ribeirinho que virou pintor de paredes, mostra a porta suspensa por cordas que usa para erguer seus pertences mais importantes quando a casa alaga.

A Academia do Oscar fez justiça ao expulsar Polanski e Cosby por crimes contra as mulheres?

Bill Cosby y Roman Polanski, en imágenes de 2006 y 2017, respectivamente AP (Reprodução El País)

Bill Cosby y Roman Polanski, en imágenes de 2006 y 2017, respectivamente AP (Reprodução El País)

As mulheres, tantas vezes chamadas de putas, vagabundas, bruxas, tantas vezes socialmente condenadas e excluídas por isso, impedidas de se expressar, barradas em seus desejos, enclausuradas como loucas, conhecem melhor do que ninguém o que é a morte em vida. A morte pelo ostracismo e pela exclusão. O peso de um linchamento público. A invisibilidade mesmo sendo visível. O vazio de ser condenada a não ser vista pelo outro, pelos outros. A voz que grita e que mesmo assim não é escutada.

A experiência das mulheres de ser violentada de tantas maneiras neste mundo, uma delas pelo silêncio diante de seus gritos, deve nos ajudar a querer justiça para os assediadores, abusadores e estupradores – mas nunca, jamais vingança. A vingança não nos merece.

Leia no El País

 

 

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