Vidas barradas de Belo Monte

Foto: Lilo Clareto

Antonio das Chagas e família

 

Minha reportagem do The Guardian foi publicada em português no UOL: como um povo da floresta foi convertido em pobre na cidade mais violenta do Brasil. E hoje reivindica “desconversão”, questionando assim o próprio conceito do que é ser rico e do que é ser pobre.

Fotos de Lilo Clareto

Raimundo Braga Gomes

Raimundo Braga Gomes

Eliza Ribeiro

Eliza Ribeiro

Leonardo Batista

Leonardo Batista

Leia a reportagem completa AQUI.

“Fui morto na internet como se fosse um zumbi da série The Walking Dead”

O artista Wagner Schwartz, autor da performance "La Bête", foi vítima de ataques à sua reputação e ameaçado de morte após apresentação no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em setembro de 2017. DIVULGAÇÃO/MATTHIAS BIBERON

DIVULGAÇÃO/ Foto de Matthias Biberon

Na minha primeira coluna do ano no El País, entrevistei Wagner Schwartz, o artista que apresentou a performance “La Bête”, no MAM de São Paulo, e foi atacado como pedófilo no obscurantismo do ano de 2017.

“Na internet, fui morto, como se matam os zumbis da série The Walking Dead. Logo depois, disseram que eu havia me suicidado. Customizaram a violência, com o intuito de tornar real a intenção fabulada nos seriados via streaming. Criaram mortes tão reais para mim quanto as que podem virar filmes. Aproximaram a ficção da vida off-line. O sangue na tela parece feito de pixel.”

Quem vai responder pelo que fizeram com sua vida?

Leia no El País

“Sabe o que é ser pobre? É não poder escolher”

Nesta terça-feira (6 de fevereiro de 2018), o Conselho Ribeirinho, uma experiência inédita, está em Brasília reivindicando um território coletivo para resgatar sua identidade e seu modo de vida. Eles foram convertidos pelo processo de Belo Monte em pobres urbanos nas periferias de Altamira. Em Brasília, levam uma mensagem forte: querem deixar de ser pobres urbanos e voltar à vida rica da floresta. Ao fazê-lo, confrontam a própria ideia do que é ser pobre e do que é ser rico.

Sobre este tema, confira a minha reportagem no The Guardian:

They owned an island, now they are urban poor: the tragedy of Altamira

(Eles tinham uma ilha, agora são pobres urbanos: a tragédia de Altamira)

Foto: Lilo Clareto

Foto: Lilo Clareto

Gumercinda e Alice querem viver

Desponta uma cabecinha. Brotando da areia. Ploft.

Ela é pouco maior do que uma unha. Mas uma unha é capaz de esmagá-la. Sou o primeiro ser vivo que ela vê, meu olhar seu primeiro contato com o mundo de fora, o planeta que fica além da areia. Vida com vida.

O êxtase é todo meu, ela pode estar apenas assustada. Ou curiosa. Ainda no lado de dentro, há o restante de seu pequeno corpo. Abra seu polegar e seu indicador, mas não muito, e você saberá o tamanho dela. Vou chamá-la de Alice, porque nós, humanos, gostamos de nomear. Mas ela deve se conhecer por caminhos que desconhecemos.

Um dos primeiros bebês do ano de 2018, no Tabuleiro do Embaubal, na Amazônia paraense LILO CLARETO

Um dos primeiros bebês do ano de 2018, no Tabuleiro do Embaubal, na Amazônia paraense LILO CLARETO

A longa e perigosa jornada de mães e bebês tartarugas num dos berçários mais espetaculares do mundo

Leia no EL PAÍS e na AMAZÔNIA REAL 

Leia também:

Luiz Cardoso da Costa, uma das pessoas que mais conhece o comportamento das tartarugas-da-amazônia, no Tabuleiro do Embaubal LILO CLARETO

Luiz Cardoso da Costa, uma das pessoas que mais conhece o comportamento das tartarugas-da-amazônia, no Tabuleiro do Embaubal LILO CLARETO

O predador que virou protetor

Ele foi um dos terrores dos fiscais, até que se tornou um deles. Sua vida contém o drama das tartarugas no Tabuleiro do Embaubal, no Pará

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Tuíca pesca com a ajuda de outros sentidos, já que os olhos cobertos pela catarata pouco enxergam. lilo clareto

Tuíca pesca com a ajuda de outros sentidos, já que os olhos cobertos pela catarata pouco enxergam. LILO CLARETO

O ribeirinho e a tartaruga

Nada é simples entre o rio, o humano e o não humano

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Base de fiscalização, no Refúgio de Vida Silvestre Tabuleiro do Embaubal, no rio Xingu.

Base de fiscalização, no Refúgio de Vida Silvestre Tabuleiro do Embaubal, no rio Xingu.

Desmandos e impunidade ameaçam tartarugas

Num ambiente afetado por Belo Monte, escolhas políticas e más condições de trabalho comprometem a obrigação legal de proteger os quelônios num dos tabuleiros mais importantes do Brasil

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"Cris das Tartarugas" no Tabuleiro do Embaubal, à espera do nascimento dos filhotes. LILO CLARETO

“Cris das Tartarugas” no Tabuleiro do Embaubal, à espera do nascimento dos filhotes. LILO CLARETO

Oito tartarugas de chifre e dois humanos criativos

Como surgiram essas heroínas de nomes extraordinários e imensas jornadas

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As mulheres que dizem não

Ele estava lá, o homem perplexo. Ele tinha dito qualquer coisa como “gostosa” para uma jovem mulher. E ela tinha mostrado o dedo, bem na sua cara. Tipo “te liga”. Ele explicava que aquilo não era abuso, era cantada. E a cada vez que explicava parecia encolher de tamanho. Acostumado ao topo da cadeia alimentar por quase toda uma vida, porque ele já era um velho, ele não conseguia compreender porque os lugares haviam mudado. Ele não podia mais fingir que era desejado, ele não podia mais dizer o que queria, e por fim ele desabafou que não era capaz de viver num mundo em que uma mulher não gostasse de ser chamada na rua de gostosa por um homem como ele. De repente, ele tinha ficado muito mais velho. E perguntava: mas por quê? E tenho certeza de que ele não estava blefando. Ele não sabia. Porque por tempo demais não precisou saber. E agora precisa. Naquele exato momento, aquele homem perdeu o último pinto que ainda ficava duro. E não tinha a menor ideia sobre como alcançar potência sendo o que não sabia como ser.

De tantas cenas fortes deste ano, a minha foi essa pequena, quase despercebida. Um desacontecimento que desvela um acontecimento feito onda.

Mulheres protestam contra PEC 181 que pode criminalizar o aborto, na Avenida Paulista, em novembro de 2017 ROVENA ROSA (AGÊNCIA BRASIL/EL PAÍS)

Mulheres protestam contra PEC 181 que pode criminalizar o aborto, na Avenida Paulista, em novembro de 2017 ROVENA ROSA (AGÊNCIA BRASIL/EL PAÍS)

Nem tudo foi retrocesso em 2017: há algo importante que se move e não é para trás

Leia na minha coluna no El País

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