O amanhã não pode ser apenas inverno

O desafio deste momento talvez seja o de descobrir como é possível criar uma utopia a partir do excesso de lucidez.

Cena da sexta temporada de 'Game of Thrones’.

Cena da sexta temporada de ‘Game of Thrones’.

 

Minha coluna no El País:

 

É brutal conjugar a vida no presente quando a ideia de futuro é uma distopia. Para que a vida seja possível no presente é preciso ser capaz de imaginar não apenas um futuro onde se possa viver, mas um pouco mais: um futuro onde se queira viver. A pergunta difícil deste momento é: isso ainda é uma possibilidade?

 

 

Leia o texto completo AQUI

Ana Júlia e a palavra encarnada

Minha coluna esta semana no El País:

O movimento de ocupação da escola pública tornou-se a principal resistência ao projeto não eleito e pode ser a pedra no caminho do PSDB em 2018

 

Ana Júlia Ribeiro resgatou a palavra num país em que as palavras deixaram de dizer. E que força tem a palavra quando é palavra. O vídeo que viralizou levando o discurso de Ana Júlia para o mundo mostra que a palavra dela circula pelo corpo. É difícil estar ali, é penoso arriscar a voz. Ela treme, ela quase chora, Ana Júlia se parte para manter a palavra inteira. A câmera às vezes sai dela e mostra a reação dos deputados do Paraná. Alguns deles visivelmente não sabem que face botar na cara. Tentam algumas opções, como numa roleta de máscaras, mas parece que as feições giram em falso. Deparam-se aflitos com a súbita dificuldade de encontrar um rosto. A palavra de Ana Júlia arruinou, por pelo menos um momento, a narrativa que começava a se impor: a da criminalização dos estudantes e de seu movimento de ocupação da escola pública. Mas a disputa ainda é esta. E tudo indica que se tornará cada vez mais pesada: são os estudantes que estão no caminho do projeto de poder do governo de Michel Temer e das forças que o apoiam. E são também eles que podem atrapalhar o tráfego de quem corre para 2018, em especial o PSDB de Geraldo Alckmin.

 

Oalab chegando!!

Reprodução da capa do

Reprodução da capa do livro

Neste sábado (29/10), João Luiz Guimarães lança seu primeiro livro infantil, “O Vento de Oalab”, vencedor do Prêmio Barco a Vapor 2015.

É um livro muito, mas muito bonito mesmo. E importante. Importante sempre, mais ainda em tempos como este, em que tão poucos estão dispostos a estar com o outro no espaço público.

vento de oalab1É um livro sobre pensar por si mesmo, mas é um livro que mostra que pensar parte da escuta do outro, parte do espanto diante da(s) novidade do(s) mundo(s). Pensar é movimento que atravessa o corpo – os corpos.

Acho que a gente precisa muito de crianças capazes de pensar – e não apenas seguir – e de crianças capazes de se arriscar à alteridade.

Oalab fala poeticamente sobre isso. É um livro pequeno no formato, enorme no conteúdo.

Se quiserem levar a criança que mora em vocês e/ou as crianças que moram com vocês: das 15h às 18h, na Livraria da Vila (da Fradique). Com contação de histórias.

Nos vemos lá! E, depois, que o vento de Oalab nos atravesse!

João Luiz Guimarães e o Prêmio Barco a Vapor 2015 (Divulgação)

João Luiz Guimarães e o Prêmio Barco a Vapor 2015 (Divulgação)

Lançamento:

O VENTO DE OALAB

Contação de histórias com a presença de João Luiz Guimarães

29 de outubro, sábado, das 15h às 18h

Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena, São Paulo)

Entrada Franca

Mulheres, corpo e insurreição

Minha coluna no El País fala sobre as greves de mulheres, na Polônia e na Argentina. E busca os sentidos dessa relação entre a violação dos corpos e a retirada dos corpos da esfera da produção. Escrevo também sobre a potência de “encarnar-se” no momento em que se vive “sem corpo” na internet e que se chega mais perto da “inteligência sem corpo”.

Acredito que não podemos compreender a história recente do Brasil sem compreender a relação entre o corpo das mulheres, a política e o poder, uma história que começa (ou continua) lá na primeira eleição disputada por Dilma Rousseff. As mulheres, estas que não “escapam” do corpo, têm muito a dizer sobre os governos conservadores, como o atual, que convocam os mesmos corpos de sempre a se sacrificar.

No meu modo de olhar, tudo isso está entrelaçado neste outubro das mulheres nas ruas. É importante enxergar onde está a potência, num momento em que tudo parece tão brutal para muitos.

Leia  AQUI

Mulher protesta contra os feminicídios na Argentina. DAVID FERNÁNDEZ (EFE - Reprodução El País)

Mulher protesta contra os feminicídios na Argentina. DAVID FERNÁNDEZ (EFE – Reprodução El País)

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