Was a British Journalist the Latest Victim of Bolsonaro‘s war on the Amazon?

junho 2022 onde estao ingles

“The 21st century’s more protracted, harder-to-win wars are the ones unfolding this very minute all across our natural life support systems — the tropical forests and the oceans, which are this world’s true centers. Unless we understand this, we may find it impossible to respond as urgently as needed to halt our race toward self-destruction. We need to fight for Dom Phillips and Bruno Pereira; when we do, we fight for all humankind”.

Leia meu texto completo no The New York Times (somente em inglês)

junho 2022 onde estao

Elon Musk y Bolsonaro, el neocolonizador y el neofascista

Jair Bolsonaro y Elon Musk, durante su reunión en São Paulo, en 20 de mayo. KENNY OLIVEIRA (AFP) Reprodução do El País Espanha

Jair Bolsonaro y Elon Musk, durante su reunión en São Paulo, en 20 de mayo.
KENNY OLIVEIRA (AFP) Reprodução do El País Espanha

¿Qué sucede cuando estos dos exponentes del colapso humanitario se unen para “proteger” la Amazonia?

Cuando el multimillonario que trata el planeta como si fuera el patio de su casa se encuentra con el ejemplar más nefasto de la gobernación mundial, tenemos una imagen poderosa sobre el ápice de nuestra tragedia. Es lo que sucedió en Brasil el 20 de mayo, cuando Jair Bolsonaro recibió a Elon Musk con un servilismo indigno de un jefe de Estado. Bolsonaro, a quien sus seguidores llaman “mito”, llamó a Musk “mito de la libertad”. La escena es mucho más que un encuentro festivo entre dos de los mayores villanos contemporáneos: Musk y Bolsonaro, unidos, encarnan el auge del capitalismo predatorio que provocó el colapso climático y hoy lo acelera. La corrosión de la democracia es, a la vez, daño colateral y condición para que el neocolonizador y el neofascista se retroalimenten.

Elon Musk anunció por Twiter que venía a Brasil para conectar a 19.000 escuelas de difícil acceso de la Amazonia a través de su Starlink. Anunció también que ayudaría al Gobierno brasileño a monitorear la selva. Bolsonaro, que llegó a destituir al presidente del Instituto Nacional de Investigaciones Espaciales, institución pública de renombre internacional, porque los números de la deforestación afeaban su Gobierno, cree haber encontrado en Elon Musk la garantía de conseguir datos más favorables sobre su actuación en la Amazonia. Su Gobierno, que mantiene activa la ideología de la “soberanía nacional”, con los militares vociferando que los gringos quieren quitarle la Amazonia a Brasil, le ha abierto alegremente la selva al hombre más rico del planeta.

El multimillonario es lo que intelectuales de la Amazonia llamarían un “comedor de mundos”. Es la más mal acabada encarnación del capitalismo predatorio que mira la tierra y el espacio como si estuvieran a su disposición, al igual que las profundidades de mentes y cuerpos, porque, a fin de cuentas, puede hacerlo. Y, si puede, no cree que tenga que pensar si debe. Si puede, puede. Su respuesta más grandilocuente a la crisis climática es colonizar Marte. Hasta los coches eléctricos de Tesla parecen responder más a la visión de donde estará el beneficio en el futuro —ya que los combustibles fósiles que enriquecieron a los capitalistas del pasado tienen los días contados— que a cualquier convicción ambientalista. En las últimas semanas, Musk ha escrito la accidentada trama de la compra de Twitter, la plataforma más estratégica para influir en unas elecciones. Ahora aprovecha el que puede ser el último año de Bolsonaro en el poder para avanzar sobre la Amazonia y la privilegiada base de lanzamiento espacial de Alcântara.

Elon Musk es el viejo colonizador reciclado y envuelto con tecnología puntera, todo lo que toca se convierte en mercancía. El planeta ya no es su límite. Bolsonaro es el populista de extrema derecha, brutal y maleducado, a quien los liberales refinados acogen para mantener intactos sus privilegios, aunque eso cueste la democracia. Y la cuesta. Solo una democracia real podría limitar las acciones de multimillonarios como Elon Musk. Pero las democracias son, cada vez más, conceptos vacíos en manos de hombres como Bolsonaro y sus dobles en el mundo. El neocolonizador ya ha dicho que podría dar un golpe en cualquier país. El neofascista ya ha anunciado un golpe si las urnas no lo eligen. A cuatro meses de las elecciones, se dan la mano.

Leia na minha coluna no El País – Espanha (somente em espanhol)

Mario, o que você chama de “palhaçada” nós chamamos de sangue

Mario Vargas Llosa, en la 46ª Feria Internacional del Libro de Buenos Aires, el 6 de mayo (LUIS ROBAYO/AFP, Reprodução do El País)

Mario Vargas Llosa, en la 46ª Feria Internacional del Libro de Buenos Aires, el 6 de mayo (LUIS ROBAYO/AFP, Reprodução do El País)

Minha resposta a Mario Vargas Llosa em minha coluna do El País

Durante palestra em Montevideo, o prêmio nobel de Literatura Mario Vargas Llosa posicionou-se diante da eleição brasileira do próximo outubro. Disse o escritor peruano: “As palhaçadas de Bolsonaro são muito difíceis de admitir para um liberal. Agora, entre Bolsonaro e Lula, eu prefiro Bolsonaro”. Não é a primeira vez que o consagrado escritor faz declarações políticas controversas, usando aqui um eufemismo. Mas defender Jair Messias Bolsonaro contra Luiz Inácio Lula da Silva são vários tons acima até mesmo para os padrões de Vargas Llosa. Nunca foi tão importante diferenciar um liberal de um extremista de direita. Declarações como estas, porém, borram as fronteiras e contribuem para a corrosão da democracia.

Vejamos o que o suposto liberal Mario Vargas Llosa, personagem que frequentou círculos intelectuais refinados da Europa ao longo de décadas, considera “palhaçadas de Bolsonaro”: o ataque persistente às urnas eletrônicas e ao processo eleitoral, para justificar um golpe de Estado em caso de não se reeleger; a agressão recorrente às instituições que não conseguiu controlar, como o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal; os quase 700 mil mortos por covid-19, resultado de comprovada execução de um plano de disseminação do vírus para obter “imunidade de rebanho”, com ataque sistemático contra o uso de máscaras e contra as vacinas; o apoio a mineradores ilegais, madeireiros e grileiros (ladrões de terras públicas) responsáveis pela contaminação dos rios por mercúrio, desmatamento recorde e uso de violência contra defensores da floresta, além de estupro de mulheres indígenas, no caso da mineração; o desmonte da legislação ambiental construída durante décadas, o esvaziamento dos órgãos de proteção e o afrouxamento da punição a destruidores da natureza; os constantes ataques às mulheres, aos povos originários e aos negros; as cada vez mais evidentes relações com as milícias que controlam o crime organizado e a defesa do armamento da população civil. A lista de “palhaçadas” não cabe no espaço desta coluna, seria necessária uma edição inteira do El País de domingo, com todos os cadernos incluídos.

Mas o suposto liberal Mario Vargas Llosa prefere Bolsonaro a Lula porque o ex-presidente, favorito nas pesquisas, “esteve preso” e os juízes o condenaram “como ladrão”. Vargas Llosa não deve estar informado que Lula passou, sim, 580 dias na prisão, mas posteriormente o Supremo Tribunal Federal anulou condenações e determinou que as ações recomeçassem do início por erros processuais, o que o torna inocente até prova em contrário. Se as condenações tivessem sido mantidas, Lula não poderia ser candidato.

O que está em jogo nas eleições brasileiras de outubro é a própria democracia. Por maiores críticas que se possa fazer a Lula e aos seus governos – e há muitas –, ele é um democrata. Bolsonaro, contra quem há várias comunicações por genocídio no Tribunal Penal Internacional, é um defensor da ditadura militar, que tem o principal torturador do regime como herói declarado, e fez do Brasil um país em estado de golpe.

Para um liberal genuíno, os atos de Bolsonaro não deveriam ser “difíceis de admitir” – e sim impossíveis de aceitar. Admiti-los como um mal menor é desrespeitar a vida dos mais frágeis e a própria democracia. Que entre a civilização e a barbárie, uma pessoa com a ressonância pública de Vargas Llosa se manifeste publicamente pela barbárie, reduzindo a “palhaçada” atos que tiraram a vida de tantos e levam ao ponto de não retorno a maior floresta tropical do mundo, explica muito por que as democracias estão em crise e dá pistas sobre os instintos autoritários e racistas de parte significativa das elites intelectuais da América Latina. A Vargas Llosa devemos dizer: o que você chama de “palhaçada” nós, que sofremos o cotidiano de violência imposto por Bolsonaro, chamamos sangue.

Leia no El País (em espanhol)

 

“Elon Musk es el amo”

Bolsonaro prepara un golpe para las elecciones utilizando la “libertad de expresión” en las redes, defendida por el hombre más rico del mundo

El presidente de Brasil, Jair Bolsonaro, durante una rueda de prensa en el palacio de Planalto, en Brasilia. JOÉDSON ALVES (EFE/Reprodução do El País)

El presidente de Brasil, Jair Bolsonaro, durante una rueda de prensa en el palacio de Planalto, en Brasilia. JOÉDSON ALVES (EFE/Reprodução do El País)

Leia no El País (somente em espanhol)

Três andares de impunidade na Amazônia

Juma Xipaya en noviembre de 2020 en Altamira (Brasil). LILO CLARETO (Reprodução do El País)

Juma Xipaya em novembro de 2020 em Altamira (Brasil).
LILO CLARETO (Reprodução do El País)

Uma balsa de garimpo de três andares, 30 metros de comprimento e custo estimado de 2 milhões de reais navegando pela Amazônia é a mais nova imagem da destruição da floresta apoiada pelo governo de Jair Bolsonaro.

Em 14 de abril, sete garimpeiros – cinco adultos e dois adolescentes – alcançaram a terra do povo Xipaya e ameaçaram o pai de Juma, a primeira cacica do seu povo e uma das estrelas da Cúpula do Clima de Glasgow. Em seguida, a embarcação monstruosa navegou por duas unidades de conservação: as reservas extrativistas do rio Iriri e do Riozinho do Anfrísio. Agentes da Força Nacional e do ICMBio, órgão responsável pela conservação da biodiversidade, apreenderam a balsa e prenderam os criminosos em flagrante.

Parecia uma rara vitória em uma das linhas de frente da guerra climática. Mas enquanto Bolsonaro estiver no poder, as chances de a humanidade controlar o superaquecimento global diminuem um pouco – ou muito – mais a cada minuto No domingo, a Polícia Federal soltou os criminosos. A desculpa singela: não conseguiriam levá-los a uma delegacia nas 24 horas previstas pela lei porque a região seria de “difícil acesso”.

Uma das principais estratégias do governo de ultradireita do Brasil é devorar as instituições desde dentro. Não é necessário fechá-las, como acontecia em regimes autoritários do século 20: elas seguem existindo, mas não funcionam contra o presidente, sua família, seus amigos e sua base de apoio. Até Bolsonaro assumir o poder, a Polícia Federal era uma das poucas forças de segurança que tinha o respeito da população. As demais eram marcadas tanto pela corrupção quanto pela prática cotidiana de execução de suspeitos. Bolsonaro está conseguindo destruir a imagem da única polícia que parecia funcionar no Brasil.

Após serem soltos, os garimpeiros zombaram dos povos da floresta que os denunciaram, mostrando de que lado está a força no país. Adultos e crianças agora dormem e acordam aterrorizados, na mira de criminosos que invadem o território com a certeza de ter o Governo e as forças de segurança controladas pelo bolsonarismo ao seu lado.

No início do milênio, a região amazônica chamada de Terra do Meio, um enclave de natureza de milhões de hectares, era um dos últimos em que a floresta ainda respirava. Mantê-la viva era estratégico para qualquer cenário em que a vida humana pudesse ser preservada. Fui a primeira jornalista a alcançar a região na companhia do fotógrafo Lilo Clareto, em 2004. Chegamos ao Riozinho do Anfrísio, a comunidade mais ameaçada, depois de quatro dias de viagem de rio. Navegávamos ao lado do principal líder da resistência, um homem chamado Herculano Porto, cuja cabeça estava na mira das balas de madeireiros e grileiros.

Na semana passada, 18 anos depois, enquanto a balsa monstruosa profanava a Terra do Meio, eu semeava com a família e amigos as cinzas de Lilo, morto por covid-19. Conforme seu desejo, Lilo misturou-se a floresta e seus seres no ponto exato onde o Riozinho beija o Iriri. No dia seguinte, 14 de abril, Herculano Porto teve sua história lembrada numa homenagem cujo objetivo era marcar o passado de luta para a nova geração que hoje se corrompe ao se aliar aos destruidores da floresta. E então a balsa de garimpo chegou, os criminosos foram presos e depois liberados. Mais uma vez, a certeza é a de que resistir é se arriscar a ser morto. Melhor então se aliar a quem manda no país.

É preciso que a sociedade brasileira e também a global entendam: o futuro da humanidade guardado na maior floresta tropical do planeta depende da luta travada no presente contra um governo que usa a máquina do Estado para destruir a Amazônia. Sozinhos demais, estamos perdendo. E perdendo. E perdendo mais uma vez.

 

Leia no El País (somente em espanhol)

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