Sem Lula, o voto vale ainda menos

La escisión entre ley y justicia agrava el momento brutal de Brasil. Formalmente todo parece suceder dentro de la ley, como apartar a la presidenta Dilma Rousseff del poder al que llegó por votación e impedir que Lula vuelva al poder por votación. Para una parte de los brasileños, sin embargo, estos movimientos dentro de la ley no suenan a justicia. Al contrario. Hacen que su voto valga todavía menos y la crisis de la democracia se amplíe. Con Lula fuera de la disputa, el favorito es el candidato de extrema derecha, Jair Bolsonaro, que muestra en cada declaración cuánto desprecia la democracia y proclama que su héroe es uno de los peores torturadores de la dictadura. No es casualidad ni coincidencia que el beneficiado por la democracia sin pueblo sea quien representa el autoritarismo sin disimulo.

(A cisão entre lei e justiça agrava o momento brutal do Brasil. Formalmente tudo parece acontecer dentro da lei, como afastar a presidente Dilma Rousseff do poder ao qual chegou por votação e impedir  Lula de voltar ao poder por votação. Para uma parte dos brasileiros, no entanto, esses movimentos dentro da lei não soam a justiça. Pelo contrário. Fazem com que o seu voto valha ainda menos e a crise da democracia se alargue. Com Lula fora da disputa, o favorito é o candidato de extrema direita, Jair Bolsonaro, que mostra em cada declaração o quanto despreza a democracia e proclama que o seu herói é um dos piores torturadores da ditadura. Não é acaso nem coincidência que o beneficiado pela democracia sem povo seja quem representa o autoritarismo sem dissimulação. )

Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

Sin Lula, el voto vale todavía menos

Brasil se acerca cada vez más a una democracia sin pueblo

Leia no El País (somente em espanhol)

A violência em Roraima é contra a imagem no espelho

A fronteira é um espaço de sobreviventes, que já conheceram o pior de vários mundos, sofreram estigmas, preconceitos e indignidades, e estão lutando por um lugar. Em condições favoráveis, são calorosos e solidários. Quando algo ameaça a sua posição, permanentemente instável, são pragmáticos. Fronteira é um não lugar de humanidades ferozes. Quem se torna elite nessas regiões é porque aprendeu a manipular paixão e medo.
A imagem dos venezuelanos entrando e entrando, desesperados, miseráveis e famintos, é a imagem que um migrante mais teme para si mesmo. É também a prova de que a estabilidade é sempre provisória, de que é possível perder tudo mais uma vez. É a evidência viva, encarnada, de que não há lugar seguro, de que o pertencimento é sempre precário. De que do outro lado da borda, o abismo espreita com olhos injetados de sangue. Quem viveu escorregando de todos os mapas sente a dor dessa experiência no corpo.

Uma família de venezuelanos passa pelos seus objetos pessoais incendiados por brasileiros na fronteira de Pacaraima (Roraima). NACHO DOCE REUTERS (Reprodução do El País)

Uma família de venezuelanos passa pelos seus objetos pessoais incendiados por brasileiros na fronteira de Pacaraima (Roraima). NACHO DOCE/ REUTERS (Reprodução do El País)

Os venezuelanos encarnam o pesadelo real de que toda estabilidade é provisória e o pertencimento é sempre precário

Leia na minha coluna no El País

O chuchu quer conquistar a soja

Parecendo emergir todo o dia de uma banheira de desinfetante, Geraldo Alckmin (PSDB+Centrão+3) promete transformar uma das regiões mais sensíveis da floresta amazônica em “canteiro de obras”. O chuchu quer ser o melhor amigo da soja. Mais do que isso. Quer mudar o status no Facebook para relacionamento sério com o agronegócio, o que para alguém tão religioso na política quanto Alckmin significa casamento com comunhão total de bens. Não é o único. A disputa pelo apoio do agronegócio, parte dele agrobanditismo, nunca foi tão acirrada na história recente. Em troca de apoio, os candidatos de direita prometem ser mais eficientes ao rifar a Amazônia do que os anteriores, que já tinham uma vistosa folha corrida de serviços prestados à grilagem.

Candidato à Presidência, Geraldo Alckmin (PSDB), participa de debate na Rede TV. NELSON ALMEIDA AFP (Reprodução do El País)

Candidato à Presidência, Geraldo Alckmin (PSDB), participa de debate na Rede TV. NELSON ALMEIDA AFP (Reprodução do El País)

A disputa da eleição pela direita, como aponta Geraldo Alckmin (PSDB), é quem vai levar o apoio do agronegócio rifando a Amazônia

Leia na minha coluna no El País

Massacre anunciado na Anapu de Dorothy Stang

“Já conferi na lista, mãe. Meu nome não está lá”, garantiu Leoci Resplandes de Sousa, poucos dias antes de ter o corpo transformado numa peneira. Na maioria das cidades, poderiam ser muitas as listas. Aprovação no vestibular, contratados por alguma empresa, selecionados para algum concurso público. Mas não em Anapu, cidade do estado do Pará que entrou no mapa mental do Brasil e do mundo em 2005, quando a freira Dorothy Stang foi executada com seis tiros por defender os direitos dos mais pobres à terra e, com isso, confrontar os interesses dos grileiros (ladrões de terras públicas). Em Anapu, no Pará, 13 anos pós o assassinato da missionária, a lista ainda é a de camponeses marcados para morrer.

O pai do menino de 11 anos foi a vítima mais recente dos conflitos de terra em Anapu, no Pará, mas certamente não será o último a tombar no Brasil sem justiça LILO CLARETO (Reprodução do El País)

O pai do menino de 11 anos foi a vítima mais recente dos conflitos de terra em Anapu, no Pará, mas certamente não será o último a tombar no Brasil sem justiça LILO CLARETO (Reprodução do El País)

A tensão no Pará, lugar mais letal do mundo para defensores da terra ou do meio ambiente, tornou-se ainda mais explosiva do que na época em que a missionária foi assassinada

Leia na minha coluna no El País 

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