Bolsonaro e a autoverdade

Embora o conteúdo do que Bolsonaro diz obviamente influencia no apoio do seu eleitorado, me parece que ele é mais beneficiado pelo fenômeno que aqui estou chamando de autoverdade. O ato de dizer “tudo” e o como diz o que diz parece ser mais importante do que o conteúdo. A estética é decodificada como ética. Ou colocada no mesmo lugar. E este não é um dado qualquer.

Por isso também é possível se desconectar do conteúdo real de suas falas, como fazem tantos de seus eleitores. E por isso é tão difícil que a sua desconstrução, por meio do conteúdo, tenha efeito sobre os seus eleitores. Quando a imprensa mostra que Bolsonaro se revelou um deputado medíocre, que ganhou seu salário e benefícios fazendo quase nada no Congresso, quando mostra que ele nada tem de novo, mas sim é um político tão tradicional como outros ou até mais tradicional do que muitos, quando mostra que falta consistência no seu discurso, assim como projeto que justifique seu pleito à presidência, há pouco ou nenhum efeito sobre os seus eleitores. Porque o conteúdo pouco importa. As agências de checagem são um bom instrumento para combater as notícias e as declarações falsas de candidatos, mas têm pouca eficácia para combater a autoverdade.

Jair Bolsonaro é recepcionado em Salvador U.MARCELINO REUTERS (Reprodução do El País)

Jair Bolsonaro é recepcionado em Salvador U.MARCELINO REUTERS (Reprodução do El País)

Como a valorização do ato de dizer, mais do que o conteúdo do que se diz, vai impactar a eleição no Brasil

Leia na minha coluna no El País

 

 

 

Os 18 vendilhões

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Reprodução do Facebook do Pastor Takayama, presidente da Frente Parlamentar Evangélica, com parte dos deputados que aprovaram a mudança antiaborto na PEC 181

Como o Congresso brasileiro se tornou o melhor lugar para homens que odeiam as mulheres, especialmente as negras

A imagem de um grupo de homens rindo, batendo palmas e gritando porque tinham sido malandros o suficiente para fazer uma sacanagem com as mulheres (e também com os homens sérios do país) deve ir para a posteridade como um dos momentos mais baixos do Brasil. Há cenas assim, que contam uma história inteira. E esta é uma delas.

Leia na minha coluna no El País

Como fabricar monstros para garantir o poder em 2018

A fabricação de monstros é uma forma de controle de um grupo sobre todos os outros. A escolha do “monstro” da vez é, portanto, uma escolha política. O que se cria hoje no Brasil é uma base eleitoral para 2018. Uma capaz de votar em alguém que controle o descontrole, alguém que “bote ordem na casa”. Mas que bote ordem na casa sem mudar a ordem da casa. Este é o ponto.

Manifestantes protestam no MAM em repúdio à apresentação do coreógrafo Wagner Schwartz no dia 30 de setembro (TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO/ Reprodução El País)

Manifestantes protestam no MAM em repúdio à apresentação do coreógrafo Wagner Schwartz no dia 30 de setembro (TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO/ Reprodução El País)

Enquanto o país é tomado por assaltantes do dinheiro público, parte dos brasileiros está ocupada caçando pedófilos em museus

Leia no El País

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