Democracia sem povo

Dizem que as eleições de 2018 estão perto, mas estão muito longe: o crime é agora

Foto: Beto Barata/Fotos Públicas (07/05/2017)

Foto: Beto Barata/Fotos Públicas (07/05/2017)

Se discute muito 2018. Se Lula (PT) será candidato ou estará preso, se o político de Facebook João Doria (PSDB) vai dar o bote decisivo no padrinho Geraldo Alckmin (PSDB), se Jair Bolsonaro (PSC por enquanto) vai conseguir aumentar seu número de votos com o discurso de extrema-direita, se Marina Silva (Rede), a que não é mais novidade, conseguirá se recuperar. Como o PMDB e o DEM se articularão para continuar no poder. Mas discutimos menos do que deveríamos o que vivemos em 2017, neste exato momento. Agora. Neste momento em que um país inteiro foi transformado em refém. Não como metáfora, não como força de expressão. Refém é o nome do que somos.

Leia na minha coluna no El País 

A Lava Jato como purgação e maldição

DIVULGAÇÃO/PF

DIVULGAÇÃO/PF

Para refundar a democracia é preciso bem mais do que combater a corrupção: é preciso produzir justiça e memória dos crimes contra a vida humana cometidos pelo Estado

Se a crise da democracia e da política é um fenômeno global, é preciso compreender o que há de particular na experiência hoje vivida pelo Brasil. Minha hipótese é de que as raízes da nossa atual crise estão no próprio processo de retomada da democracia após 21 anos de ditadura civil-militar. As raízes da nossa crise estão no apagamento dos crimes da ditadura e na impunidade dos torturadores. O Brasil retomou a democracia sem lidar com os mortos e os desaparecidos do período de exceção. Seguiu adiante sem lidar com o trauma. Um país que para retomar a democracia precisa esconder os esqueletos no armário é um país com uma democracia deformada. E uma democracia deformada está aberta a mais deformações. O que se infiltra no imaginário da população é que a vida humana vale pouco qualquer que seja o regime. E este não é um dado qualquer na atual crise.

É neste sentido o uso das palavras “purgação” e “maldição” do título deste artigo para se referir aos significados da Lava Jato. Se a operação é importante e é imperativo que ela continue, porque expõe a relação estabelecida entre governos, partidos e parte do empresariado nacional, a Lava Jato também revela, pelo seu avesso, o pacto do diabo que resultou na alma deformada da nossa democracia. A grande purgação nacional não é pela vida humana, mas pelo dinheiro. Não é pela carne, mas pela matéria inanimada. Quando finalmente combatemos a impunidade, o que nos mobiliza são os bens materiais, enquanto a vida segue sendo ferida de morte.

Leia o texto completo AQUI

Esta é a terceira de uma série de três colunas que se complementam e dialogam entre si. Sobre este tema, leia também:

Cotidiano de Exceção
Como lutar pela democracia aprendendo sobre a tirania

Por que Diretas Já
É preciso interromper a crescente fragilização da democracia para recuperar a capacidade de imaginar um país

 

 

 

Os que apodrecem

Minha coluna no El País pode ajudar a compreender por que indígenas são feridos e mãos são decepadas no Brasil em que os ruralistas são “donos” da Funai.

Quando os índios descobrem o Brasil do governo 9% de aprovação Temer

Movimentos indígenas protestam em Brasília, na última semana. JOÉDSON ALVES EFE (Reprodução El País)

Movimentos indígenas protestam em Brasília, na última semana. JOÉDSON ALVES EFE (Reprodução El País)

É isso. No Brasil o passado não passa e o futuro já passou.

Leia a coluna completa AQUI.

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