O golpe de Bolsonaro é pela família, contra a nação

Entre os tantos momentos graves vividos pelo Brasil desde que Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito presidente e passou a governar como antipresidente, este em que ele e sua família pregam abertamente um autogolpe é possivelmente o pior. E, a depender de como for enfrentado pela sociedade, outros piores virão. Se aqueles que ocupam as instituições brasileiras ainda têm respeito pelos seus deveres constitucionais, é hora de resgatar o que resta de democracia e usar a Constituição para responsabilizar o ato golpista antes que seja tarde. Não há democracia possível se aquele que foi eleito para governar estimula pessoalmente o autogolpe, incitando seguidores que falam abertamente em fechar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. Não há democracia possível se aquele que foi colocado no Planalto pelo voto está disseminando panfletos pelo seu próprio WhatsApp, em que a população é convocada para ocupar Brasília e as cidades do país no próximo domingo, 26 de maio. Se as instituições brasileiras, todas elas, assim como a sociedade, apenas assistirem passivamente ao antipresidente rasgar abertamente a Constituição, acordaremos na próxima segunda-feira em outro país. E, posso garantir: não será um lugar bom.

O presidente Jair Bolsonaro ao lado dos filhos Carlos, Eduardo e Flávio em foto divulgada no Facebook de Carlos Bolsonaro REPRODUÇÃO/FACEBOOK

O presidente Jair Bolsonaro ao lado dos filhos Carlos, Eduardo e Flávio em foto divulgada no Facebook de Carlos Bolsonaro REPRODUÇÃO/FACEBOOK

O antipresidente ataca o país para defender os interesses do seu próprio clã

Leia na minha coluna no El País

 

O chanceler quer apagar a história do Brasil

O chanceler de Bolsonaro exalta um momento da história do Brasil em que as elites se empenham em criar uma identidade nacional depois de o país ter sido colônia de Portugal. Araújo parece acreditar — ou quer que acreditemos — que o governo Bolsonaro está promovendo “o renascimento político e espiritual” do Brasil, como ele escreveu em um artigo. Ou, como afirmou em seu discurso de posse: “Reconquistar o Brasil e devolver o Brasil aos brasileiros”. Araújo quer que acreditemos que tudo o que aconteceu entre a independência do Brasil, a de 1822 — e a nova independência do Brasil, a que ele acredita estar sendo liderada pelo seu chefe, em 2019 — não existiu.

O ideólogo do governo parece sugerir que esse hiato de dois séculos foi um tempo de perdição do Brasil de si mesmo. “O presidente Bolsonaro disse que nós estamos vivendo o momento de uma nova Independência. É isso que os brasileiros profundamente sentimos”, afirma Araújo, que acredita ainda que suas cordas vocais libertam a voz do povo. Bolsonaro seria então uma versão contemporânea de Dom Pedro I, com sua espada em riste para libertar o Brasil. Não mais diante do riacho Ipiranga, agora no espelho d’água do Planalto.

Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil (Reprodução do El País)

Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil (Reprodução do El País)

O chanceler quer apagar a história do Brasil

Como o ideólogo do governo Bolsonaro usa José de Alencar para pregar a assimilação dos indígenas e justificar a abertura de suas terras para o agronegócio

Leia na minha coluna no El País 

Ele é presidente há uma semana – e Bolsonaro já está causando danos ao Brasil

O mundo precisa compreender o que o Brasil se tornou antes que seja tarde. O Brasil de Jair Messias Bolsonaro não é apenas mais um país que elegeu um presidente de extrema direita num mundo cuja maior potência global é liderada por Donald Trump. Não é somente a versão da América do Sul que desliza para o autoritarismo como países como Hungria, Polônia, Turquia e Filipinas. O Brasil não é mais uma nação periférica com um presidente patético. O Brasil tornou-se a vanguarda apocalíptica que aponta a radicalidade deste momento histórico. Uma vanguarda com poder para aprofundar a crise climática com grande velocidade, afetando todo o planeta.

Leia meu artigo no jornal britânico The Guardian (somente em inglês)

‘The Bolsonaro administration promises a ‘new era’ – a return to a time free of doubts and insecurity.’ Photograph: Sergio Moraes/Reuters (Reprodução do The Guardian)

‘The Bolsonaro administration promises a ‘new era’ – a return to a time free of doubts and insecurity.’ Photograph: Sergio Moraes/Reuters (Reprodução do The Guardian)

 

He’s been president a week – and already Bolsonaro
is damaging Brazil

 

Jair Bolsonaro’s messianic brand of capitalism threatens minorities and the rainforest that protects the planet

 

Read in The Guardian 

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