No dia 4 de novembro de 2021, a Companhia das Letras promoveu um bate-papo de lançamento do livro “Banzeiro òkòtó – Uma viagem à Amazônia Centro do Mundo”, com a autora Eliane Brum e convidades da floresta.
Assista AQUI:
No dia 4 de novembro de 2021, a Companhia das Letras promoveu um bate-papo de lançamento do livro “Banzeiro òkòtó – Uma viagem à Amazônia Centro do Mundo”, com a autora Eliane Brum e convidades da floresta.
Assista AQUI:
A Vogue me pediu um texto sobre Banzeiro òkòtó. Aqui está.
“Caminho pela trilha de terra que leva ao rio Xingu, como faço todos os finais de tarde com meus cachorros, Babaju e Flora. Abro o portão azul da minha casa de roça, os cachorros disparam. Eu sigo devagar. Uso esse tempo para desatar a cabeça e buscar respostas que só encontro quando aceito perder o controle dos pensamentos. Naquele dia, eu buscava a resposta para este texto. Ouço então um latido diferente, algo agitou os cachorros. Pode ser um tatu ou um camaleão ou até mesmo uma paca. Ou uma jararaca ou coral, elas têm aparecido com as chuvas. Me apresso e então me deparo com o caminho barrado por um tucum, árvore da família das palmeiras. Tento encontrar um jeito de levantar o emaranhado de galhos porque quero passar. Mas tudo o que consigo é encher a mão de espinhos. Voltamos, eu e os cachorros, de repente roubados e perdidos. O rio está logo ali, mas já não podemos alcançá-lo. Mais tarde vou descobrir que o tucum era um cadáver recém-assassinado, o vizinho tinha aberto uma estrada e derrubado um pedaço da mata. Havia um mundo ali pela manhã. E à tarde já não havia mais. É assim que somem os mundos da gente. E somem as gentes do mundo.”
Leia o texto completo AQUI.
No domingo dei uma entrevista sobre meu novo livro para a ótima Petria Chaves na CBN. Se quiserem ouvir, está AQUI.
Dans un essai percutant, Eliane Brum analyse les causes du marasme d’un pays passé en vingt ans de Lula à Bolsonaro.
(Patrick Piro, reconhecido jornalista francês, especializado em política e meio ambiente, fez um generoso artigo na Politis sobre meu livro “Brasil Construtor de Ruínas, um olhar sobre o país, de Lula a Bolsonaro”, recém-lançado na França pela editora Anacoana.)
Leia AQUI
Maria, você tem apenas 2 anos. Um, dois. E apenas esses dois anos separam seu nascimento da morte do seu pai. Lilo Clareto morreu em 21 de abril. A causa oficial da certidão de óbito é: “sepse grave, pneumonia associada à ventilação e covid (tardia)”. Mas essa é apenas a verdade parcial sobre a morte do seu pai. Eu olho para você, Maria, e me preparo para a conversa que um dia teremos, aquela em que precisarei contar a você a verdade inteira.
Maria, seu pai foi vítima de extermínio. Seu pai é um dos mais de 410.000 brasileiros que tombaram por um crime contra a humanidade entre os anos de 2020 e 2021. Enquanto eu escrevo essa carta para você, os assassinatos seguem acontecendo a uma média de quase 2.400 cadáveres por dia. Eu olho para você, Maria, e você ainda diz, os olhos escancarados de expectativa, quando alguém faz barulho na porta da frente: “pa!”. E, então, decepcionada: “pa?”.
(continue lendo a carta no site do EL PAÍS Brasil)